Padres pop: Alessandro Campos
Com sua viola e berrante, o religioso faz shows de 30.000 reais
Com camisa de gola clerical, calça jeans justa e um caro relógio Bulgari no pulso, o padre Alessandro Campos esmera-se no figurino que mescla sagrado com profano. Capricha também na performance de astro quando sobe ao palco para cantar as músicas do álbum “O Homem Decepciona, Jesus Cristo Jamais”, lançado no fim de 2011. Tocador de viola e de berrante, chegou a fazer uma entrada apoteótica em um de seus shows religiosos, no qual surgiu montado a cavalo.
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Filho de um motorista de ônibus e de uma dona de casa, ele nasceu em Guaratinguetá, no interior do estado, e passou a infância em Mogi das Cruzes. Apegado à avó materna, que, de acordo com ele, reza 23 terços por dia, Alessandro conta que decidiu ser padre aos 7 anos. “Eu brincava de celebrar missa com suco de groselha e bolacha Maria, vestido com a camisola da minha mãe”, lembra.
Ao ser ordenado, fez um curso de seis meses e tornou-se tenente do Exército, pré-requisito para assumir a paróquia do Colégio Militar de Brasília. Deu baixa para divulgar o disco e hoje roda o país, com shows que custam 30.000 reais. A São Paulo, vem ao menos uma vez por mês, para missas e bênçãos em locais diversos (no 1º de Maio, apresentou-se para 800.000 pessoas na Praça Campo de Bagatelle) e para gravar programetes veiculados diariamente na Rádio Tupi FM, uma das campeãs de audiência na capital. Está ficando rico? “Claro que não”, sorri Alessandro, segundo o qual o relógio de grife foi presente de uma fiel. “Os rendimentos do show cobrem os custos de produção”, explica o padre-cantor, que mantém uma creche para 180 crianças em Mogi.
FICHA
» Missa: como não tem mais paróquia fixa e viaja muito pelo país, reza cada vez em um lugar. A última celebração em São Paulo foi em 30 de março, para ouvintes da Tupi FM, rádio em que tem programa diário de cerca de dez minutos, às 9h.
» CD: lançou em outubro “O Homem Decepciona, Jesus Cristo Jamais”, distribuído pela gravadora Universal.
» Show: seis por mês, vendidos a 30.000 reais (“O valor é para pagar os custos de produção”). No 1º de Maio, apresentou-se para 800.000 pessoas, segundo os organizadores, em Santana, na Praça Campo de Bagatell.