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“Os Infiéis” diverte com panorama sobre as traições conjugais

Sucesso de bilheteria na França, fita é dividida em nove pequenas histórias

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 16h55 - Publicado em 7 set 2012, 00h30

A frase do dramaturgo Nelson Rodrigues que diz que toda unanimidade é burra aplica-se bem à comédia francesa “Os Infiéis”. Enquanto uns devem rolar de rir com o humor afiado e propositalmente misógino, outros podem achar a fita grosseira. Sucesso de bilheteria em seu país de origem (cerca de 2 milhões de ingressos foram vendidos), trata-se de um projeto pessoal de Jean Dujardin, vencedor do Oscar 2012 de melhor ator por “O Artista”. Além dele, seis diretores e quatro roteiristas se dividiram na criação de nove histórias curtas.

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Quase sempre, longas-metragens em esquetes tendem a ser irregulares. Ocorre o mesmo aqui, porém o saldo revela-se satisfatório — os capítulos nos quais a graça se impõe são superiores às tramas dramáticas. De tom explicitamente machista, o prólogo dá uma ideia do conjunto. Mesmo casados, os amigos Fred (Dujardin) e Greg (Gilles Lellouche), ambos na idade do lobo, aproveitam a balada e transam com mulheres de apenas uma noite. Os mesmos personagens voltam no derradeiro episódio: eles largam a esposa por uns dias e vão atrás das americanas em Las Vegas. Polêmica, a conclusão pode deixar estarrecido o espectador mais conservador. Dois outros curtas também se destacam. Agora comandado por Michel Hazanavicius (o premiado diretor de “O Artista”), Dujardin interpreta um patético conquistador disposto a levar para a cama qualquer colega de trabalho após uma palestra num hotel. E o realizador Alexandre Courtès reúne o maior elenco masculino de toda a produção para, diante de uma psicóloga (Sandrine Kiberlain), tratar o vício em sexo em uma divertida sessão de terapia. A infidelidade marca presença ainda na vida de um dentista quarentão (Lellouche), apaixonado por uma jovem estudante, e no cotidiano de um casal aparentemente feliz (Dujardin e Alexandra Lamy) — nesses contos, a sátira dá lugar ao melodrama.

Surpreendente, Dujardin arrasa na versatilidade depois do papel sem falas na fita que o consagrou. Em “Os Infiéis”, ele e Lellouche se alternam para viver os protagonistas e se saem a contento em todos os momentos. O trunfo do filme, contudo, está no livre-arbítrio e na ousadia de Dujardin e camaradas exporem às claras seus pensamentos sobre a traição conjugal.

AVALIAÇÃO: ✪✪✪

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