‘Os 39 Degraus’: requinte visual
Comédia garante diversão ao seduzir o espectador com criativos efeitos
Principal diretor de comédias da atualidade, Alexandre Reinecke põe em cena um refinamento que, na maioria das vezes, não se vende por qualquer trocado em nome do riso. Os sucessos ‘Toc Toc’ e ‘TPM Katrina’ são exemplos disso. Com Os 39 Degraus, cartaz do Teatro Shopping Frei Caneca, a sofisticação vai além da forma pela qual a piada atinge o público. O humor e o envolvimento se garantem por meio de um ágil e milimétrico jogo sustentado por criativos efeitos visuais e pela firme condução dos atores.
Escrita por Patrick Barlow e adaptada por Reinecke e Clara Carvalho com base no filme homônimo de Alfred Hitchcock, a peça chega ao Brasil em montagem que não economiza recursos para se igualar aos similares de Londres e Nova York. Dan Stulbach se faz comediante na pele de Richard Hannay, um sedutor um tanto atrapalhado, suspeito do assassinato de uma agente secreta (a atriz Fabiana Gugli). Ao fugir da polícia, ele cruza com uma série de tipos (vividos por Danton Mello, Henrique Stroeter e pela própria Fabiana) em situações que enchem os olhos da plateia e exploram a versatilidade do elenco em 130 trocas de personagens. Se a pequena dramaturgia fica em segundo plano diante do irresistível ambiente cênico, o espectador antenado se delicia ao perceber referências aos clássicos de Hitchcock — entre eles ‘Psicose’, ‘Festim Diabólico’ e ‘O Homem que Sabia Demais’ — e se rende ao espetáculo.
AVALIAÇÃO ✪✪✪