Empresas instalam câmeras para transmitir ao vivo a evolução de obras
Novo tipo de reality show é feito para um público que tem curiosidade sobre o assunto ou quer fiscalizar os trabalhos
Não há baixaria, ninguém é eliminado nem leva uma bolada em dinheiro no fim do programa. Ainda assim, há um novo tipo de reality show na área. São transmissões em tempo real via internet de algumas das maiores obras em andamento na cidade. Câmeras instaladas em estruturas especiais e voltadas para o canteiro captam o movimento dos operários, o entra e sai de caminhões e a poeira levantada pelos tratores.
A quilômetros dali, sem se sujarem e sem terem de sair de casa ou do escritório, espectadores assistem a tudo através dos sites que transformam essas construções em espetáculos ao vivo. A coisa é feita para um público que acha tais cenas emocionantes, tem curiosidade sobre o assunto ou quer fiscalizar os trabalhos.
Um dos endereços mais populares é o site Nova Arena (www.novaarena.com.br), que mostra a evolução do novo complexo do Palmeiras, que está sendo construído pela WTorre, nas Perdizes, Zona Oeste. No terreno ocupado pelo antigo estádio e pelas dependências do clube serão erguidos dois edifícios com quadras poliesportivas e salas administrativas, estacionamento com 1.500 vagas, salão de convenções e estrutura multiuso, que servirá de arena para jogos e shows, com restaurante interno aberto ao público. O custo do projeto é de 330 milhões de reais.
Até tudo ficar pronto, o que deve ocorrer em abril de 2013, foi preciso encontrar uma maneira de driblar a ansiedade dos torcedores. “Instalar as câmeras foi a melhor saída”, afirma Rogério Dezembro, diretor de novos negócios da WTorre.
A iniciativa veio na esteira da ideia de um torcedor que trabalhava em um dos edifícios da Avenida Francisco Matarazzo, ali nas redondezas. Com uma webcam, ele passou a transmitir os primeiros passos do novo estádio em um blog, que logo virou febre entre os palmeirenses. No fim de maio, a construtora transformou o improviso em projeto profissional e investiu 500.000 reais na instalação e manutenção de três câmeras ligadas das 7 às 22 horas, horário de trabalho dos operários. Passado pouco mais de um mês do lançamento, o site contabilizava 700.000 visitas.
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O pico de audiência num único dia ocorreu quando a primeira estaca foi fincada: quase 150.000 torcedores estavam vidrados no computador para testemunhar o momento. Para João Crestana, presidente do Secovi, o sindicato da construção, a novidade veio para ficar. “As filmagens aumentam a credibilidade da empresa e poupam os interessados de se deslocar”, explica. Segundo ele, porém, a iniciativa engatinha: a maioria das construtoras ainda opta por divulgar apenas fotos dos empreendimentos.
Até o fim deste mês, o Corinthians deve começar a transmitir on-line as emoções do canteiro de obras do Itaquerão, estádio previsto para sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014. Por determinação da Federação Internacional de Futebol (Fifa), serão instaladas duas câmeras para mostrar o que ocorre no terreno, em fase de terraplenagem.
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Hoje, quem passa por ali tem dificuldade de enxergar o que acontece por trás dos portões estampados com o brasão corintiano. A julgar pelo movimento, o serviço tem público garantido. Todos os dias, há uma peregrinação de dezenas de curiosos. Alguns imploram aos pedreiros que lhes tragam um pouco de terra, para guardar como recordação. Torcedores também posam para fotos na frente dos muros e, um sábado por mês, fazem churrasco no canteiro central da Avenida Miguel Inácio Curi, endereço da obra. Funcionários garantem que, vez ou outra, até o presidente do clube, Andrés Sanchez, participa da comemoração.
No Brás, perto do centro, a construção da nova sede da Igreja Universal do Reino de Deus conta com duas câmeras com imagens ao vivo do terreno onde será erguido um templo de onze andares e capacidade para 10.000 pessoas. O projeto, criado a partir de citações bíblicas, busca reproduzir o Templo de Salomão. Fiéis esperam que as transmissões ao vivo incentivem mais doações para a conclusão do edifício, orçado em 200 milhões de reais.