Não existe abraço grátis
Vídeo de homem que pede carinho na Avenida Paulista é o novo hit da web
Horário de almoço na Avenida Paulista. No mar de rostos anônimos, um quarentão meio mal-ajambrado com sua gravatinha curta caminha pelas calçadas carregando uma placa em que se está escrita, em letras garrafais, a frase “Dá um abraço?”. As cenas do passeio viraram um vídeo de três minutos (com uma música grudenta de fundo). É esse o tempo de fama de seu protagonista, o consultor de recursos humanos Ary Itnem Whitacker, de 46 anos, mais uma das celebridades instantâneas e descartáveis da internet. No dia 13 de outubro ele postou no site YouTube um clipe com as imagens rodadas uma semana antes numa das vias mais movimentadas de São Paulo. Até a última terça, havia sido visto mais de 30.000 vezes – foi o 24º mais acessado do mês na categoria People, uma das oito existentes no site.
Santista radicado em São Paulo desde criança, Whitacker mora com o filho adolescente, o primeiro alvo diário de sua busca por abraços. O mico de pedir carinho em plena Paulista é uma versão nacional de outro campeão de audiência do YouTube, rodado na Austrália. Lá, um homem que se identificou com o pseudônimo Juan Mann (que, pronunciado em inglês, soa como “one man”, ou seja, “um homem”) oferecia abraços gratuitos. Repetindo: abraços gratuitos, únicas palavras contidas no cartaz do original. Na placa que circulou pela Paulista, havia o endereço da página que Whitacker mantém na internet. O conteúdo? Uma longa explicação sobre como a tecnologia criou um mal chamado inércia do afastamento. A solução, proposta no formato de palestras que, segundo ele, custam até 10.000 reais, é uma só: o abraço. “Meu trabalho não precisa de autopromoção”, jura. “Foi uma troca de energia.”