‘Mulheres Alteradas’ mostra espírito crítico da cartunista Maitena
Espetáculo com Luiza Tomé, Mel Lisboa e Daniele Valente agrada em cheio à plateia feminina e diverte também os homens
A argentina Maitena Burundarena conquistou milhares de leitoras — e leitores — em mais de trinta países com suas tiras sobre o universo feminino. Em Mulheres Alteradas, série adaptada para o teatro por Andrea Maltarolli (1962- 2009), a cartunista popularizou uma personalidade incomum. Nada a ver com a mulherzinha que reclama dos homens ou se julga incompreendida. Ela tem, sim, a exata noção de quanto pode perturbar o sexo oposto quando se “altera”. Se Maitena transmite isso nas charges, o desafio da montagem seria transpor esse espírito para o palco. Fiel à desenhista, o diretor Eduardo Figueiredo criou um espetáculo que agrada em cheio à plateia feminina e, ao deixar de fazer deles os vilões, diverte também os homens.
Luiza Tomé, Mel Lisboa e Daniele Valente interpretam uma síntese desse universo por meio de três personagens. Norma (Luiza), uma executiva mãe de adolescentes, volta a engravidar. Sua amiga Lisa (vivida por Mel) sofre ao descobrir um nódulo no seio, enquanto a alienada Alice (Daniele) sonha com um grande amor. Esses perfis, fáceis de sucumbir ao clichê, são costurados por uma ironia e uma autoexposição ao ridículo preservadas pela adaptadora. As atrizes podem não alcançar maiores saltos emotivos, mas imprimem leveza e contradições a cada uma das mulheres. Mesmo o ator André Bankoff transita bem-humorado pela obviedade de tipos masculinos como o adolescente, o malandro ou o fortão da academia.
AVALIAÇÃO ✪✪✪