Mostra de Cinema perde Leon Cakoff, seu criador
Crítico e escritor morreu no último dia 14, aos 63 anos
Por 35 anos, Leon Cakoff vestiu a camisa (ou melhor, a camiseta) de sua Mostra Internacional de Cinema. Na foto, de 1985, fez questão de exibir o desenho criado por Tomie Ohtake para a nona edição. Eram tempos um pouco mais brandos, se comparados ao período da censura implacável da ditadura, que Cakoff enfrentava desde 1977 com unhas e dentes para exibir fitas proibidas ou polêmicas como “Salò”, do italiano Pier Paolo Pasolini, e “A Última Ceia”, do cubano Tomás Gutiérrez Alea.
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Grande incentivador do cinema de arte, trazia dos festivais de Berlim, Cannes e Veneza, para onde seguia todos os anos, incontáveis longas-metragens obscuros para a maioria dos paulistanos. Esse era (e ainda será por muitos anos, espera-se) o grande barato da Mostra: descobrir, entre os títulos desconhecidos, pérolas de Abbas Kiarostami, Manoel de Oliveira ou Jia Zhang-Ke — nomes que, hoje mais comuns, chegaram até aqui pelas mãos de Cakoff. Crítico, escritor e, sobretudo, cinéfilo apaixonado, ele não resistiu à batalha contra o câncer. Morreu no último dia 14, aos 63 anos. Ao ser cremado, estava de terno preto e, como não podia deixar de ser, vestia a camiseta da última Mostra da qual participou.