Morumbi é o campeão de lançamentos imobiliários na cidade
Bairro teve 8 000 apartamentos novos comercializados nos últimos três anos
A área de 11,5 quilômetros quadrados reúne o maior estádio particular do Brasil (Cícero Pompeu de Toledo, do São Paulo), o mais moderno hospital privado da América Latina (Albert Einstein) e a sede do governo paulista (Palácio dos Bandeirantes). Todos eles rodeados de muito verde, afinal, estamos no Morumbi, um dos distritos mais arborizados de São Paulo, com 239 metros quadrados de área verde por habitante, enquanto a média da cidade é de 58 metros quadrados por habitante.
Os atrativos acima já seriam suficientes para explicar por que o bairro fascina muitos paulistanos. Mas é o preço do metro quadrado dos apartamentos residenciais (3 900 reais), mais acessível se comparado ao de bairros como Pinheiros (5 140 reais) e Jardim América (9 980 reais), que leva, de fato, muita gente ao Morumbi. O bairro é o campeão de lançamentos imobiliários.
Nos últimos três anos, foram comercializados ali 7 992 novos apartamentos, segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) e do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi). Só no ano passado, 2 967 unidades, quase cinco vezes mais do que em 2005. “O perfil dos compradores são famílias jovens, que vêm de outras regiões atrás do preço dos imóveis e da qualidade de vida do Morumbi”, afirma o presidente do Secovi-SP, João Crestana.
A produtora de eventos Yuri Matsumi e o marido, Cristiano Ferreira, se encaixam no perfil. Trocaram Guarulhos por um apartamento na Avenida Giovanni Gronchi há dez meses. “O valor do metro quadrado é o mais convidativo da Zona Sul”, diz Yuri, que reclama do custo de vida alto. “Praticamente tudo o que consumimos aqui é pelo menos 30% mais caro se comparado a Guarulhos.” A publicitária Soraya Di Fonso se encantou pelas áreas verdes. “Aqui cresceu muito, mas continua um lugar charmoso, com árvores e tranquilidade”, conta ela, que mora há quatro anos na Rua Dr. Luiz Migliano, na vizinha Vila Sônia, que muitos corretores, diga-se, convencionaram chamar de Morumbi por conveniência imobiliária.
Apesar da intensa verticalização, o Morumbi continua predominantemente residencial, com suas mansões e condomínios horizontais de luxo. “O bairro atrai a classe média, mas mantém os moradores acostumados a um alto padrão”, afirma José de Albuquerque, diretor de incorporação da Brookfield, que já levantou 39 prédios na região do Morumbi desde 1979, totalizando 2 020 apartamentos. “Nas regiões do Panamby e da Ponte Cidade Jardim estão localizados os empreendimentos mais sofisticados”, destaca a diretora de incorporação da Cyrela, Rosane Ferreira. “Próximos à Giovanni Gronchi, ao Shopping Jardim Sul e em algumas regiões mais afastadas estão os apartamentos-padrão.”
A empresa negocia atualmente unidades que variam entre 47 e 202 metros quadrados, em dois prédios próximos ao Hospital Albert Einstein. Outro aspecto que faz do Morumbi o alvo das incorporadoras está nas áreas livres, um dos poucos bairros de São Paulo que ainda possuem terrenos disponíveis. “O preço do metro quadrado, somado à possibilidade urbanística e à procura por imóveis, torna os empreendimentos viáveis e com um bom preço de venda. O que não ocorre em Pinheiros ou Perdizes, já saturados”, explica João Crestana, do Secovi.
Apesar da inauguração da Ponte Octavio Frias de Oliveira, em 2008, criada para facilitar a ligação com a Rodovia dos Imigrantes, a mobilidade segue sendo um problema para os moradores. Uma das alternativas apresentadas pelo poder público é a implantação da Linha 17-Ouro do Metrô, o chamado monotrilho, que ligará a Estação Jabaquara (Linha 1-Azul), o Aeroporto de Congonhas e a Estação São Paulo-Morumbi (Linha 4-Amarela). O projeto é polêmico. Moradores e ONGs questionam o impacto da obra.
“Claro que defendemos o transporte coletivo para melhorar o trânsito local, mas é preciso ter cautela. Consideramos que o bairro precisa ter tratamento especial para sua preservação e manutenção de seus aspectos urbanísticos e ambientais. Políticas de expansão do sistema de transporte de massa não podem trazer degradações em áreas residenciais preservadas”, avalia Heitor Mazargão Tomazini, da ONG Defenda São Paulo. O bairro também aguarda a construção da Avenida Itapaiúna, que promete desafogar o trânsito da Avenida Giovanni Gronchi, e de mais uma ponte sobre a Marginal Pinheiros, a Ponte Panamby.
Em casa
64% das famílias têm renda superior a 10 000 reais
14 000 reais é a renda média familiar
68% dos domicílios são próprios e quitados
Zona Sul ou Oeste?
Em qual região da cidade está localizado o Morumbi? Na Zona Sul ou na Zona Oeste? Segundo a Subprefeitura do Butantã, que inclui o Morumbi, o certo é Oeste, a mesma resposta da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Para a gerente da distrital do Morumbi na subprefeitura, Sandra Andreoni, é o mercado imobiliário que julga o Morumbi como Zona Sul, porque o junta aos bairros Vila Andrade e Campo Limpo, estes, sim, localizados na região. E complementa: “Vila Sônia (Oeste) também não faz parte do Morumbi”. O Secovi considera o Morumbi como Zona Sul.