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Morar em hotel: é como ser hóspede todos os dias

Embora os espaços dos quartos sejam limitados, os mimos oferecidos aos moradores compensam

Por Debora Pivotto
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Todos os dias, antes que o consultor de sistemas Alexandre Henrique da Rosa acorde, o jornal já está na porta de seu quarto. No café-da-manhã, um copo de suco de laranja chega à mesa praticamente junto com ele. Quando a cozinheira prepara bolo de milho, seu preferido, um pedaço o espera ao lado da xícara de leite sem que ele precise pedir. O tratamento cheio de mimos justifica-se. Há três anos, Rosa mora, de segunda a sexta, no Mercure Grand Hotel Ibirapuera, na Vila Mariana. Nos fins de semana, viaja para o Rio de Janeiro, onde divide um apartamento com a namorada. Ao retornar a São Paulo, seu quarto está limpo e os DVDs, porta-retratos, livros e os seis travesseiros com os quais gosta de dormir, arrumados. “Quando chego e vejo tudo no lugar, sinto-me em casa”, conta.

Longe da impessoalidade típica dos hotéis, hóspedes que moram ou ficam por um período longo ganham serviço personalizado. “Dá tempo de conhecê-los e de atendê-los melhor. Em aniversários, fazemos até bolo”, diz Patrícia Perrone, gerente do hotel Staybridge, no Itaim Bibi, que tem oitenta das 215 suítes ocupadas por moradores. Em uma delas residem, desde 2004, os empresários Paulo e Célia Miranda, que só voltam para sua casa, na Serra da Cantareira, nos fins de semana. Cansados de perderem uma hora e meia no trajeto residência–escritório, os dois se mudaram para o hotel no complexo Kinoplex Itaim, onde fica a sede de sua editora. “Hoje, levo três minutos para chegar ao trabalho”, diz Miranda. O casal gasta 3 500 reais por mês para morar numa suíte de 38 metros quadrados. Do antigo lar, quase dez vezes maior, com cinco suítes, piscina e sauna, Célia só sente falta dos cachorros: “Não dá para trazer tudo, né?”.

Tanta gentileza costuma deixar os hóspedes mal-acostumados. Depois de experimentar o travesseiro de plumas de ganso do Mercure, Rosa trocou os que tinha em casa. “Há tanto conforto que depois é difícil ficar sem.” Ele tem a conta de 800 reais paga semanalmente pela empresa onde trabalha e não pretende mudar tão cedo. “Já me ofereceram um apartamento, mas prefiro aqui”, afirma. A empresária Tania Bulhões morou quatro meses no Hotel Fasano, no ano passado, durante uma reforma em seu apartamento, nos Jardins. Personalizou a decoração (levou uma escrivaninha, duas poltronas, dois vasos e almofadas) e convocou a empregada para se hospedar com ela e o marido, o industrial Pedro Grendene. No banheiro, xampu, sabonete, sais de banho, perfume e aromatizantes eram de sua grife. Terminada a reforma, Tania voltou para o apartamento, mas não conseguiu ficar longe da massagem que recebia diariamente no hotel. “Hoje, a massagista vai em casa uma vez por semana. Viciei.” Todos os anos, o Fasano recebe ao menos quatro hóspedes que ficam lá por mais de um mês. As diárias, que custam entre 1 200 e 4 000 reais, podem ter descontos de até 35% nesses casos.

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