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Jovem faz sucesso na web com montanha-russa que construiu no quintal

O estudante Gustavo Machado, de 21 anos, já ergueu sozinho duas versões do brinquedo em um terreno anexo a sua casa, em Caieiras, em SP

Por Júlia Rodrigues
Atualizado em 15 set 2023, 12h25 - Publicado em 15 set 2023, 00h01
montanha russa quintal sp
Gustavo apoiado no carrinho da sua segunda montanha-russa: com curvas (Flávio Florido/Veja SP)
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Quem passa em frente à casa de Gustavo Machado, 21, em Caieiras, na região metropolitana de São Paulo, pode ter um vislumbre de um protótipo de parque de diversões. Desde 2020, o jovem estudante de engenharia mecânica constrói atrações do tipo no terreno anexo ao seu quintal. Até o momento, ele já colocou de pé sozinho, entre outras criações menores, um barco viking e duas montanhas-russas. Com as invenções, Gustavo conquistou mais de 2 milhões de seguidores nas contas do TikTok e do Instagram, nas quais ele posta vídeos da rotina de obras dos brinquedos e desenvolve projetos personalizados para marcas.

Apesar de as ideias terem saído do papel somente na pandemia, a paixão de Gustavo por parques de diversões é muito antiga. “Lembro de passar de carro ao lado do Playcenter (parque fechado em 2012 na Barra Funda e reinaugurado em formato indoor no Shopping Aricanduva seis anos depois) e ficar encantado com a montanha-russa Boomerang”, conta.

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Barco viking: feito do zero com informações da internet (Arquivo Pessoal/Divulgação)

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Foi em 2018 que, inspirado por Will Pemble, youtuber que desde 2013 constrói várias versões do brinquedo nos fundos de casa em São Francisco, nos Estados Unidos, que ele começou a rascunhar o projeto de sua primeira montanha-russa. Na época, o jovem nem havia começado o curso na Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde estuda atualmente, na capital, e se baseava em conteúdos que encontrava na internet.

Chamada de Contratempo (foto abaixo) e feita de madeira e tubos de PVC, a atração tem 4,5 metros de altura e atinge cerca de 30 quilômetros por hora. Ela é um pequeno exemplar de uma shuttle, modelo cujo carrinho vai e volta pelo mesmo trilho, terminando o trajeto de ré. “O processo começou com ‘um Google’, vendo pessoas que já haviam feito de forma caseira. Depois, projetei no papel mesmo. Com o passar do tempo, comecei a usar programas de computador para desenhar as invenções”, diz. Gustavo conseguiu o material com um conhecido dono de uma madeireira da cidade, que hoje é um dos seus patrocinadores, e ergueu o brinquedo no terreno vizinho à sua casa, que pertence ao avô.

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Montanha-russa Contratempo: mais de 4 metros de altura (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Nesse espaço de 250 metros quadrados, o jovem inventor ainda desenvolveu uma segunda montanha-russa, desta vez com curvas e circuito completo (foto em destaque). Feita inteiramente de aço, ela atinge cerca de 2,6 metros de altura e 25 quilômetros por hora. “Ela é parecida com as montanhas-russas de alguns bufês infantis”, define. O mecanismo que gera movimento é o mesmo que o usado na primeira iniciativa. Trata-se de um cabo de tensão que arrasta o carrinho para cima e o libera através de um controle, possibilitando que ele faça o trajeto sob influência da própria força da gravidade. No momento, a atração está em reforma. “Pretendo adicionar correntes ao carrinho, que é como as montanhas-russas dos parques geralmente operam”, diz Gustavo.

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Esses e outros inventos renderam a ele uma certa fama no bairro. “Vira e mexe passam crianças na rua pedindo para tirar foto”, conta. Mas Gustavo afirma que só permite que algumas pessoas, como amigos, patrocinadores e familiares, divirtam-se no “parque particular” — além dele mesmo, ambas as montanhas-russas foram testadas por cerca de trinta pessoas até hoje. “Sigo algumas normas internacionais de segurança, mas, como é um parque caseiro, não posso operar.”

De qualquer maneira, inaugurar um parque aberto ao público no quintal de casa não está entre seus planos. No futuro, simultaneamente à produção de conteúdo na internet, Gustavo quer fornecer esses brinquedos para parques de diversões do país. “Existe uma carência de empresas nacionais que constroem esse tipo de equipamento”, diz. Por enquanto, com o trabalho nas redes sociais, o estudante já fechou parcerias com marcas como Desktop e Red Bull.

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Em novembro do ano passado, ele viajou para a Califórnia, onde conheceu o próprio Will Pemble, com quem passeou por parques de diversões de São Francisco. “Viramos amigos por causa da internet. Também já recebi mensagens de adolescentes dizendo que querem fazer engenharia por causa dos meus vídeos. Para mim, essa é a parte mais incrível”, conta.

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Gustavo e Will Pemble: inspiração (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859

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