Parada há seis meses, obra do monotrilho na Zona Sul será retomada
Canteiro e estruturas da linha 17 - Ouro sofrem com abandono, pichações e usuários de drogas
Em 2010, ao ser anunciada a construção da Linha 17 – Ouro do metrô, um forte receio espalhou-se entre os moradores do entorno da Avenida Jornalista Roberto Marinho, no Campo Belo, na Zona Sul, um dos metros quadrados mais caros da capital. A intenção do governo do estado de erguer a linha do chamado monotrilho sobre pilares fincados na via trouxe a ameaça de repeteco da degradação ocorrida no Elevado Costa e Silva, o Minhocão, no centro.Afinal, com as estruturas suspensas a até 15 metros de altura, os ocupantes dos prédios vizinhos teriam sua privacidade seriamente comprometida. Passados seis anos, aquele medo preliminar transformou-se em pânico real.
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Não por causa da intimidade invadida, mas pelo cenário de abandono provocado na região com os constantes atrasos nas obras.No imbróglio mais recente, em novembro passado, as empresas contratadas paralisaram o serviço sob a alegação de que a administração não estaria transferindo os recursos de forma correta.
A resposta veio em janeiro, quando o poder público rescindiu o contrato de três dos quatro lotes da operação, orçados em um total de 1,4 bilhão de reais. Depois de o caso ir parar na Justiça, uma luz surgiu no fim do túnel na semana passada, com a divulgação de um novo acordo entre a Secretaria dos Transportes Metropolitanos e os consórcios para a retomada dos trabalhos. A expectativa é que o canteiro volte a funcionar até julho.
Durante esses cinco meses em que os operários permaneceram de braços cruzados, o cenário mudou bastante na região. Abandonadas à ação das intempéries, as peças de metal usadas nas vigas de concreto se desgastaram e enferrujaram. Pilares foram alvo de pichações, e lixo e mato se acumulam livremente por todo lado. Não bastasse a ruína física, as bases da estrutura tornaram- se ponto de aglomeração de moradores de rua e usuários de drogas. Esses grupos costumam se esconder atrás dos tapumes da obra, que, nos últimos quatro anos, interditou duas faixas da avenida sobre o Córrego Água Espraiada, uma em cada sentido.
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“A Cracolândia veio toda para cá. Os viciados ficam no meio dos escombros sem ser incomodados“, afirma o advogado Jose Orlando Ghedini, morador da área. Quem circula por ali reclama da falta de segurança. “Eles esperam o farol fechar e vêm para cima com canivete. Já vi um deles se atirar sobre um carro parado”, diz a arquiteta Regina Monteiro, presidente da Sociedade Amigos do Brooklin Velho. “Sou contra o projeto, mas o que está ocorrendo no momento é pior ainda.”
O problema principal do monotrilho está relacionado aos sucessivos pedidos das empreiteiras para aumentos no repasse de recursos. Chamados de aditivos, eles são previstos em contrato para o caso de elevação dos custos calculados inicialmente. O governo do estado negou negou os acréscimos pleiteados, e a discussão foi parar nos tribunais. “As empreiteiras perderam na Justiça”, afirma o secretário dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni.
Dos quatro consórcios que tocavam os trabalhos, apenas um deles, formado pelas construtoras Tiisa e DP Barros, não teve o contrato rescindido. Para terminar essa linha, o governo chamou alguns dos interessados que participaram e perderam a licitação, feita em 2011. Nas próximas semanas, novos acordos serão feitos com essas companhias. A expectativa atual é que tudo esteja em funcionamento até dezembro de 2018, quatro anos a mais que o previsto inicialmente. Percalços em obras do metrô não são novidade por aqui.
A Linha 4-Amarela, por exemplo, que atualmente liga a Estação da Luz ao Butantã, deveria chegar a Taboão da Serra, na Grande São Paulo, até 2014. Agora, a previsão é que ela não estacionará na Vila Sônia antes de 2019. No caso do monotrilho da Zona Sul, além do atraso, o percurso também não será mais o mesmo. Em vez dos 18 quilômetros do projeto original, sairão apenas 7,7 quilômetros, entre a Estação Morumbi da CPTM, na Marginal Pinheiros, e o Aeroporto de Congonhas.
O restante do ramal, que cruzaria o Rio Pinheiros em direção à favela de Paraisópolis, com uma estação próxima ao Estádio do Morumbi, não será mais executado por falta de recursos. Com a mudança, houve economia de 1,7 bilhão de reais para os cofres públicos. Quando ficar pronta, a Linha 17 – Ouro vai transportar 43 000 passageiros por dia. Se o trajeto anterior fosse mantido, esse número passaria dos 200 000. “Nossa prioridade foi terminar o que já estava sendo construído”, afirma Pelissioni. “A obra será importante para ligar Congonhas à linha da CPTM que percorre a Marginal Pinheiros.”
Novos prazos
Confira o cronograma para a abertura de ramais e estações:
Linha 4 – Amarela (metrô)
Trajeto: Luz-Vila Sônia
Próxima inauguração: Mackenzie-Higienópolis, em 2017
Conclusão da obra: 2019
Linha 5 – Lilás (metrô)
Trajeto: Capão Redondo-Chácara Klabin
Próximas inaugurações: Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin, em julho de 2017
Conclusão da obra: 2018
Linha 6 – Laranja (metrô)
Trajeto: São Joaquim-Brasilândia
Conclusão da obra: 2020
Linha 15 – Prata (monotrilho)
Trajeto: Vila Prudente-Cidade Tiradentes
Próximas inaugurações: São Lucas, Camilo Haddad e Vila Tolstoi, em maio de 2018
Conclusão do trecho: 2019
Linha 17-Ouro (monotrilho)
Trajeto: Morumbi–Congonhas
Conclusão do trecho: 2018