Marca faz roupas exclusivas para pessoas com deficiência física
Ex-executiva lança loja virtual especializada em roupas para pessoas com necessidades especiais
A vaidade foi um dos pontos que sofreram mais impacto na vida da paulistana Denise Ferreira, que ficou tetraplégica em 2001, após um acidente de carro. “Passei a usar somente roupas largas, com medo de que as peças justas machucassem a pele”, conta ela, que ao longo dos anos recuperou os movimentos dos membros superiores e o apetite fashion: hoje dá dicas de estilo ao público geral no blog Vou de Saia.
A dificuldade de Denise em relação ao vestuário é muito comum entre os 2,7 milhões de pessoas com algum grau de deficiência que vivem na cidade. Foi pensando nesse segmento de mercado que, em janeiro, Ana Cristina Ekerman, ex-executiva de empresas como Sony e Microsoft, lançou uma marca dedicada à moda inclusiva.
As peças são vendidas apenas pela internet no site da Adaptwear. “Depois de me recuperar de graves problemas de saúde, quis empreender com algo voltado à inovação em qualidade de vida”, diz. Entre 2008 e 2012, Ana Cristina lutou contra três tumores (um no seio, outro na mandíbula e o último no cérebro).
No catálogo da grife, as camisas são fechadas por velcro, mas adornadas com botões, de modo a não dar pistas do truque. Bermudas possuem na parte frontal zíperes puxados por argolas, a fim de facilitar as trocas e as idas ao banheiro. As saias podem ter a opção de uma cinta modeladora por baixo, que disfarça a barriguinha, queixa frequente das mulheres que passam muitas horas sentadas.
Os preços dos 26 itens da Adaptwear variam de 109 a 234 reais. “Isso reflete o custo da mão de obra diferenciada e de tecidos tecnológicos”, explica Ana Cristina, que investiu 100 000 reais no projeto. No interior do estado, a Lado B, de Sorocaba, faz um trabalho semelhante.
Para incentivar o surgimento de outros negócios do tipo, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência promove um concurso anual para jovens estilistas que inventam modelos nesse segmento. “Ter roupas com bom caimento parece uma coisa simples, mas afeta diretamente a felicidade das pessoas”, afirma a consultora de moda Lilian Pacce. No caso de quem luta para manter a rotina e o astral em alta, apesar das dificuldades e das limitações, é algo que não tem preço.
Fáceis de vestir
Alguns dos truques pensados paraajudar no manuseio das peças