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Mitos e verdades sobre os gagos

Um virou rei e ganhou o Oscar, outro está no paredão do "BBB". Saiba mais sobre o problema que ganhou destaque nos últimos dias

Por Alexandre Aragão
Atualizado em 5 dez 2016, 18h16 - Publicado em 1 mar 2011, 14h20
Big Brother Brasil 11 BBB 11
Big Brother Brasil 11 BBB 11 (TV Globo/Frederico Rozário/)
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Com o gago Diogo na 11ª edição do reality show “Big Brother Brasil” e o ator Colin Firth interpretando o Rei George VI no filme “O Discurso do Rei”, o problema despertou mais a curiosidade e virou tema de discussão, dando margem a todo o tipo de teoria. Para esclarecer tudo sobre a gagueira, VEJA SÃO PAULO ouviu especialistas sobre o assunto.

Afinal, é verdade que técnicas como colocar bolas-de-gude na boca ajudam os gagos a superarem o obstáculo? “Alguns dos exercícios que aparecem no filme não têm comprovação científica”, explica Claudia Regina de Andrade, professora de fonoaudiologia da USP. “São exercícios folclóricos.”

Veja abaixo dez mitos e verdades sobre a gagueira:

Pessoas gagas não gaguejam cantando?

Em parte. Isso não é regra, mas pode acontecer. “A linguagem acontece no hemisfério esquerdo do cérebro, enquanto o canto, a poesia e outras atividades mais elaboradas acontecem no direito”, ensina Leny Kyrillos, doutora em fonoaudiologia pela Unifesp e professora da PUC-SP. “É comum o gago conseguir cantar ou falar outro idioma sem gaguejar.”

Susto pode causar gagueira?

Mito. Não existe nenhuma comprovação científica de que assistir a um filme de terror, por exemplo, ocasione gagueira. Essa confusão pode acontecer porque pais podem relacionar a gagueira do filho com algum trauma.

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A gagueira sempre começa na infância?

Verdade. “Toda criança, quando começa a falar, passa por uma fase onde ela gagueja como se estivesse experimentando as palavras”, explica Leny. Essa fase se chama gagueira fisiológica e, ocasionalmente, pode se desenvolver para um quadro de gagueira crônica. “Não é comum adultos ficarem gagos”, explica Leny. “O que acontece com frequência é algumas pessoas gaguejaram em situações de tensão.”

Ouvir música enquanto fala ajuda a curar gagueira?

Mito. O método utilizado pelo personagem de Colin Firth no filme “O Discurso do Rei” é apenas um paliativo, não ajuda a acabar com o problema de uma vez por todas. “Pode até funcionar, mas ninguém consegue passar o tempo todo ouvindo música nas alturas”, explica Claudia. “É uma técnica de mascaramento.” Por outro lado, o relaxamento de mandíbula a que o personagem é submetido na história tem comprovação científica.

Toda criança gaga será um adulto gago?

Mito. Todas as crianças tendem a desenvolver uma gagueira fisiológica, que é curada naturalmente. “Mas, se as pessoas em volta têm uma atitude negativa em relação a essa fase, é possível que a criança desenvolva o que nós chamamos de gagueira secundária”, explica Leny.

Quando um gago fica nervoso, ele gagueja mais?

Verdade. “Todos nós quando ficamos nervosos gaguejamos mais, suamos mais, ficamos pior”, explica Claudia Regina. No “BBB”, Diogo gaguejou ainda mais quando teve que mentir para seus companheiros de confinamento, por exemplo.

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Há tipos de gagueiras ocasionadas por problemas psicológicos?

Mito. “A gagueira sempre é causada por questões físicas, nunca psicológicas”, ensina a fonaudióloga da USP. Segundo a especialista, a patologia é dividida em três grandes grupos: do desenvolvimento, neurogênica e psicogênica. O primeiro tipo surge entre 2 e 5 anos de idade e não é decorrência de dano cerebral. Já a gagueira neurogênica, também conhecida como adquirida, é fruto de algum trauma no cérebro — uma queda quando criança, por exemplo. O terceiro tipo costuma aparecer de uma hora para outra e em geral acontece por causa de alguma necessidade ou conflito psíquico.

Pedir ao gago que ele pare de gaguejar só piora a situação?

Verdade. “A conduta quando você está perante uma pessoa que gagueja é demonstrar paciência, esperar ela acabar de falar”, ensina Leny. “Qualquer atitude de cobrança só acentua o problema.”

Pessoas gagas têm mais dificuldade de raciocínio?

Mito. Gagueira e QI não têm nenhuma relação. “Com o tempo, os gagos percebem com quais fonemas eles têm mais problemas, como o P, o Q e o T”, explica Leny. A partir dessa descoberta, o gago tenta substituir as palavras que tem mais dificuldade em pronunciar por sinônimos. “Isso pode dar a impressão de que ele está demorando para raciocinar”, completa.

A gagueira depende do ritmo da respiração?

Verdade. “A gagueira é ocasionada por diversos fatores físicos”, explica Claudia Regina de Andrade, da USP. “Há um conjunto de fatores musculares que atuam, e a respiração é muito afetada”, concorda Leny. Pessoas gagas costumam ter a respiração mais superficial e curta, o que dificulta a pronúncia das palavras. Nervosas, elas tendem a encurtar ainda mais a respiração, o que provoca um ciclo vicioso.

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