Metrô anuncia o local da Estação Higienópolis
Parada ficará na esquina das ruas Bahia e Sergipe, com acesso alternativo em terreno em frente à Faap
O supermercado Pão de Açúcar funcionava tranquilamente na esquina da Rua Sergipe com a Avenida Angélica, na área central. Essa era a cena inicial de uma novela com um autor e milhares de coautores, que começaram a surgir quando o Metrô anunciou seus planos de usar aquele terreno para construir a Estação Higienópolis da Linha 6 – Laranja. Os capítulos seguintes ganharam contornos de dramalhão. De um lado, moradores queixando-se de eventuais transtornos e popularização daquela fatia nobre da cidade caso o metrô fosse instalado ali. De outro, defensores do transporte coletivo assando um churrasco no sábado (14) em protesto contra a decisão do governo de alterar o local escolhido para a estação.
Na semana passada, a história começou a se aproximar de seus lances finais. Foi anunciada a localização estudada para o embarque principal: a esquina das ruas Bahia e Sergipe, onde hoje funciona um laboratório de exames radiológicos. Dali, de acordo com técnicos do Metrô, uma passagem subterrânea levará a um segundo acesso, a ser construído no terreno ocupado por estacionamentos na Rua Armando Penteado, em frente à Faap. O túnel, com escada rolante, ligará a parte alta de Higienópolis à baixa do Pacaembu. Para isso, está prevista a desapropriação de ao menos dois imóveis. Outros seis devem ser usados temporariamente como canteiros de obra.
A parada Higienópolis ficará a cerca de 700 metros da Estação Mackenzie da Linha 4 – Amarela, o que pode impactar na velocidade dos trens. Outra dificuldade é construir em uma área repleta de imóveis tombados, paisagem que não pode ser descaracterizada. Há polêmica ainda sobre a criação do acesso à Faap, cujo traçado deve percorrer o subsolo de condomínios e mansões. “O túnel será uma obra cara para favorecer poucos”, acredita Iênidis Benfati, presidente da associação Viva Pacaembu por São Paulo, que atua no perímetro da futura estação.
Argumentos iniciais dos moradores do Pacaembu aparecem na esteira dos de Higienópolis, contrários ao metrô na vizinhança. A urbanista Nadia Somekh, residente no bairro, compara as reações negativas às da chegada do Shopping Higienópolis. “As pessoas têm medo do novo e só percebem os benefícios depois.” O governo prevê um movimento diário de 25.000 pessoas na estação. Com tantas reviravoltas, o final mais feliz para essa novela não será o casamento da mocinha, mas o tão esperado corte da fita de inauguração, que ainda deve levar seis anos para acontecer.