Mariana Aydar: cantora
Dos bares boêmios, a voz mais badalada dos últimos tempos saltou para as grandes casas de shows, as rádios e o selo americano que tem em seu catálogo Ella Fitzgerald e Diana Krall
Em maio passado, no primeiro de seus três shows no Auditório do Ibirapuera, Mariana Aydar recebeu Leci Brandão entre os convidados para uma exibição diante da platéia de 800 pessoas. Ela conhecera a sambista carioca tempos antes, por acaso. Abordara Leci no aeroporto, dissera que ouvia seus discos desde criança e que gostaria de tê-la como parceira em pelo menos uma música do seu primeiro CD, Kavita 1, lançado no fim de 2006. No palco do Ibirapuera, depois de cantar com Mariana Zé do Caroço, a canção incluída no CD, Leci tomou do microfone para um agradecimento emocionado. “Em mais de trinta anos de carreira, nunca vendi tanto nem fiz tanto sucesso, graças a essa menina”, disse.
Em apenas um ano, Mariana Aydar conseguiu mais do que muitos artistas com uma longa carreira. Acostumada a cantar para platéias pequenas em bares de São Paulo, Mariana hoje faz shows que lotam casas com até 1?500 lugares, como o Teatro da Caixa Cultural em Brasília, onde se apresentou em novembro. Também no mês passado, Kavita 1 foi lançado em Paris, durante a turnê Na Gangorra, no Satellit Café, aonde Mariana costumava ir apenas como espectadora, quando flanava na capital francesa. Acaba de fechar contrato com o selo Verve, que tem em seu catálogo de Ella Fitzgerald a Diana Krall, para lançar seu CD nos Estados Unidos. É convidada para tudo, como uma participação no show Tim Maia Imperial Deluxe, em que grandes intérpretes cantaram canções em memória do falecido rei do suingue brasileiro. Encontrou tempo ainda de se apresentar no Tom Jazz em outro show paralelo, o Forró Dá Samba, fazendo dupla com o baterista de sua banda e namorado, Duani – revival dos três anos em que ela, amante de forró na adolescência, só cantava músicas do gênero.
Sim, Mariana Aydar é a cantora mais quente do momento. “Foi tudo tão rápido que eu mesma não entendo o que está acontecendo”, diz ela. “Para mim, porém, o tamanho da platéia não faz diferença, porque continuo cantando do mesmo jeito: com amor.” Essa aparente despretensão não deixa de ser um certo charme: Kavita significa “poeta”, em sânscrito, apelido que lhe deu um guru espiritual gaúcho, e pelo qual ela pede para ser chamada por amigos e colaboradores. Aclamada pela crítica pela sua afinação, Mariana é aos 27 anos o mais novo expoente de uma geração de novas intérpretes que imprimiram um ar contemporâneo à MPB, como Marisa Monte e Maria Rita. Filha do músico Mário Manga, ex-integrante do Premê, e da produtora e publicitária Bia Aydar, Mariana nasceu no meio musical: com 6 anos de idade, participava do encerramento dos shows de Lulu Santos, com quem sua mãe trabalhava. “Perdi os meus dentes de leite atrás dos palcos”, conta ela. Mariana subiu num deles pela primeira vez profissionalmente em Paris, para aquecer a platéia nos shows de Seu Jorge, a quem entregara um CD demo. Hoje mora com o namorado e dois cachorros tamanho mignon. Diz não saber nem fritar um ovo. Uma vida bastante comum de quem ainda se surpreende com o estrelato.