Marcelo Pallotta: designer ganha a vida criando pôsteres
Cidade de Deus, Carandiru, Diários de Motocicleta e Á Deriva estão entre os mais de quarenta cartazes de filme produzidos
O longa-metragem À Deriva, do diretor Heitor Dhalia, foi apresentado – e aplaudido – no Festival de Cannes no último dia 21 de maio. Quase dois meses antes, porém, tanto o trailer quanto o cartaz do filme, que tem no elenco os atores Vincent Cassel e Cauã Reymond, já estavam prontos. Coube ao designer paulistano Marcelo Pallotta, de 41 anos, a tarefa de assistir às cenas dezenas de vezes para criar a “estratégia de comunicação do produto”, como ele gosta de definir em linguagem de marqueteiro. “Ao combinar design e propaganda, consigo vender o filme”, diz ele, que tem um portfólio recheado de projetos importantes. São pôsteres de mais de quarenta longas, entre eles o de Carandiru, que integra a exposição Design Brasileiro Hoje: Fronteiras, em exibição no MAM até o dia 28. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Diários de Motocicleta e Chega de Saudade também estão entre seus trabalhos mais conhecidos. “Mas o divisor de águas foi Cidade de Deus”, conta. “Deu mais visibilidade ao que faço.”
Sem concluir o curso superior de artes plásticas na Faap, Pallotta começou sua carreira em agências de publicidade. Em 1997, criou seu primeiro cartaz, de Os Matadores, a convite do amigo Beto Brant. Há quatro anos, associou-se ao empresário Eduardo Rosemback e fundou a Moovie, empresa especializada em marketing de cinema, instalada em um pequeno prédio da Vila Madalena. Para conquistar a confiança de cineastas renomados como Fernando Meirelles e Hector Babenco, ele lança mão de sua expertise e de uma boa dose de autoconfiança. “Quanto maior o nível de exigência do trabalho, mais fácil para mim”, garante.
Fazer um cartaz leva tempo. O designer acompanha algumas gravações e sempre conversa com o fotógrafo do set. Depois, assiste ao primeiro corte do longa e seleciona algumas das cerca de 3?000 imagens feitas. Por fim, cria até 200 layouts, para que um deles finalmente conquiste não apenas o diretor, mas o produtor e o distribuidor. “Todo mundo opina”, conta. A Moovie também cria peças publicitárias para lançamentos de filmes estrangeiros. “Nesse caso, não tenho tanta liberdade, pois preciso seguir à risca as exigências da distribuidora.”