Um salto no verde
O designer Manolo Blahnik aposta em pares feitos sob encomenda com matéria-prima sustentável
Com quase quarenta anos de carreira (a primeira loja, no bairro londrino de Chelsea, data de 1973), Manolo Blahnik já desenhou 30 000 sapatos. Investiu em pompons de mink, couro de avestruz, crocodilo, píton e galuchat, o granulado couro de arraia – não há terreno desconhecido para o designer celebrado pelo equilíbrio entre saltos vertiginosos, finesse e conforto. Aos 69 anos e com a mesma criatividade do menino que cresceu nas Ilhas Canárias fazendo botas de alumínio para o fox terrier de estimação, Blahnik experimenta agora pisar num novo território: o de matérias-primas sustentáveis.
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Junto com a coleção de verão 2012, ele propõe dois modelos sob medida para a chamada fatia consciente das consumistas. Uma sandália de salto (975 dólares) e uma rasteirinha (645 dólares) bicolores são feitas de ráfia, cortiça e tilápia, um subproduto da indústria alimentícia – o filé de saint-peter vai para o prato, e poupa-se o couro, cuja textura lembra a da pele de cobra, de ir para o lixo. Elas vêm em oito combinações das cores azul, amarelo, preto e areia. Para o próximo inverno, uma das apostas é uma bota de cano curto de couro com tingimento vegetal. “O bacana de trabalhar com Manolo é demonstrar que materiais ecologicamente corretos podem ser chiques, sem aquele ranço da peça riponga”, conta a estilista Marcia Patmos, dona da M.Patmos. Foi a americana, especialista em moda sustentável, quem instigou Blahnik a dar um salto no verde. “Eles toparam a proposta desde que eu trouxesse um material à altura do design.” Blahnik não está à toa no topo da sapataria. Ele passa semanas supervisionando a manufatura dos pares na fábrica italiana e liga pessoalmente para reclamar de falhas. Sapatos, afinal, como ele diz, “podem mudar uma mulher”. Um passo (com menos pegadas de carbono) de cada vez.
Manolo Blahnik. 31 W 54th Street, Nova York, tel.: 1 (212) 582-3007, manoloblahnik.com