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Mamãe Falei leva ao plenário estilo provocador da web e acumula confusões

Em nove meses de mandato, o deputado-youtuber Arthur do Val tem feito barulho

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 dez 2019, 19h02 - Publicado em 13 dez 2019, 06h00
Imagem mostra deputado na Alesp
Mamãe Falei na galeria do plenário  (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Eleito em 2018 com 478 000 votos, a segunda maior votação da Assembleia Legislativa, o deputado Arthur do Val (ex- DEM, sem partido), 33, conhecido como Mamãe Falei, tem levado ao plenário as mesmas polêmicas pelas quais ficou conhecido na internet. Nas redes sociais, ele ganhou notoriedade ao entrevistar manifestantes e políticos (chegou a tomar dois tapas no pescoço de Ciro Gomes, em 2018) e expô-los a constrangimento com perguntas que os fazem cair em contradição.

Na tribuna da Casa, suas falas, posições e provocações têm feito barulho e causado confusão. A última ocorreu em 4 de dezembro, quando chamou reiteradas vezes de “vagabundos” os manifestantes que estavam na galeria para protestar contra a reforma da Previdência estadual.

A atitude gerou a reação violenta de quatro deputados do PT, que tentaram invadir o púlpito e partiram para a agressão. Antes de dar dois passos para trás e cerrar os dois punhos (ele luta jiu- jítsu), ainda provocou Teonilio Barba: “Ficou ofendidinho?”. A frase virou camiseta, que é vendida a 39,90 reais no site do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de direita do qual faz parte.

Após a confusão, o deputado-youtuber foi levado para uma área reservada, até a poeira baixar. “Saí da Assembleia de madrugada. Depois que o plenário foi esvaziado, eu me sentei para construir narrativas, fazer vídeos e ver o tamanho da repercussão”, afirmou à Vejinha. A preocupação de Mamãe Falei com a “estética” da polêmica tem motivo. Seu canal no YouTube conta com 2,6 milhões de seguidores.

No mesmo dia, com o título “Quebra-pau na Alesp”, justificou em vídeo sua posição. “Essa reforma arranca privilégios e acaba com a mamata dos sindicalistas.” Na última segunda (9), os ânimos ainda não haviam esfriado e ele precisou de escolta para chegar ao seu gabinete, que fica trancado enquanto o deputado está na sala. Quando sai pelos corredores da Casa, um assessor sempre vai atrás dele. “Recebo muitas ameaças diariamente, e isso não vai me intimidar.”

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Essa não foi a primeira vez que o parlamentar, recém-expulso do DEM, se envolveu em encrencas dentro da Alesp. Em abril, pouco mais de um mês depois de assumir o posto, subiu à tribuna e nomeou colegas que receberam doações de campanha oriundas de fiscais de renda do estado. Em junho, usou os mesmos termos que culminaram na balbúrdia no início do mês. “Eu me excedi ao chamar alguns colegas de vagabundos”, reconhece. A fala lhe rendeu uma advertência do Conselho de Ética, punição que não lhe pôs papas na língua. “Aqui (na Alesp) tem rachadinhas para todos os lados e nepotismo cruzado adoidado. Cadê o Conselho de Ética nessas horas?”, questiona o deputado, que é alvo de nova representação devido à última confusão.

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Reprodução dos momentos que culminaram em grande confusão: polêmicas, encrencas e postagens no YouTube (Reprodução/Veja SP)

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Paulistano, solteiro e praticante de motocross e surfe, Mamãe Falei quase não tem tido tempo para pegar onda em praias como Guarujá e Boraceia. Costuma chegar à Assembleia com o próprio carro e diz que não gastou até agora nem um centavo da verba de gabinete. Dos 32 assessores a que tem direito, escolheu apenas seis.

Em nove meses como parlamentar, apresentou três projetos de lei. O mais relevante é o que prevê o fim do auxílio moradia para deputados estaduais. A fama que ganhou nas ruas e nas urnas levou-o a alçar voos mais altos. Mamãe Falei pretende ser candidato a prefeito no ano que vem, mas ainda não decidiu para qual legenda irá. Trajando geralmente calça jeans e camiseta, o deputado costuma se trocar no gabinete e vestir o terno e a camisa que o aguardam, sempre muito bem passados, em um pequeno mancebo ao lado de sua mesa. “Ele é um provocador profissional e vive disso”, afirma o colega Carlos Giannazi, do PSOL. “Deputado tem de participar dos debates dos projetos, não ficar só no YouTube”, provoca.

O texto foi alterado dia 13 de dezembro, às 18h59.

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