Luiza Lemmertz: a terceira geração de um clã talentoso
Neta de Lilian e filha de Julia, atriz estreia a peça "'O Libertino" no Teatro Cultura Artística Itaim
No apartamento, localizado na Vila Buarque, que pertenceu ao avô, o ator Lineu Dias (1928-2002), a atriz Luiza Lemmertz, de 23 anos, sente-se muito à vontade. É lá que a jovem carioca vive há dois anos, desde que trocou o Rio de Janeiro por São Paulo, depois de cursar três semestres da faculdade de desenho industrial e outros dois de filosofia. As paredes são tomadas por um passado pouco conhecido. Pinturas, fotos e cartazes de peças protagonizadas por sua avó, a atriz Lilian Lemmertz (1937-1986), formam o cenário, completado por imagens de sua mãe, Julia Lemmertz, de 48 anos, outra intérprete consagrada. “Neguei muito a possibilidade dessa carreira”, assume ela. “Não queria enfrentar comparações por ser neta e filha de quem sou.”
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Com a estreia da peça O Libertino na quinta-feira (13), no Teatro Cultura Artística Itaim, Luiza poderá provar se, além dos traços, herdou o tino cênico. “Vi a estreia da Lilian em São Paulo com a peça “Onde Canta o Sabiá”, em 1964, e já era fora de série, o mesmo talento e vocação que percebi na Julia e também encontrei na Luiza”, afirma Jô Soares, diretor da montagem. Nos últimos dois anos, a jovem atriz ficou enfurnada no Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, onde fez cursos, viajou em meio aos numerosos elencos dos espetáculos “Banquete”, “Taniko” e “Estrela Brazyleira a Vagar” e ainda conheceu o namorado, o baixista Marcos Leite.
Ela conta que vem do Oficina a primeira sensação de entrar em cena, quando Julia e o então futuro marido, o ator Alexandre Borges, participaram da encenação de “Hamlet”, em 1993. “Eu dormia na coxia e assistia à peça quando podia. Um dia, sentada em um canto, fiquei louca para ir ao banheiro. O Alexandre me pegou pela mão e atravessamos a pista, diante do público”, diz. Luiza gravou pontas da novela “Amazônia” (1992) e do curta-metragem “Glaura” (1995), ao lado da mãe.
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“Ela corre atrás para aprender, vê e lê o que pode, devora a biblioteca do meu pai”, afirma Julia, que teve Luiza em seu primeiro casamento, com o produtor Álvaro Osório. E, nessa busca, suas raízes vêm à tona. A avó que não conheceu toma forma como artista. Já viu parte de seus vinte filmes e, na internet, acessa capítulos de novelas como “Baila Comigo” (1981) e “Partido Alto” (1984). “Minha mãe ficou traumatizada com o infarto que matou Lilian, por isso abriu muito pouco da história dela para mim”, diz a neta. “Só a conheci de fato depois que vim morar neste apartamento.”