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Luiz Eduardo Cirino: “Dei várias facadas”

Assassino confesso de casal de idosos conta como foi o crime em Perdizes

Por Rodrigo Brancatelli
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h35

Na adolescência, o desempregado Luiz Eduardo Cirino, de 29 anos, adorava histórias em quadrinhos. Passava horas trancado em seu quarto, devorando aventuras do Batman e do Super-Homem. “Nunca fui de estudar muito, mas era viciado em revistinhas”, conta ele. “O mais trágico é ver que me transformei no oposto de tudo o que os super-heróis ensinavam.” Cirino está preso no 77º DP, em Santa Cecília. Ele confessou ter assassinado a facadas os aposentados Sebastião Tavares, 71 anos, e Hilda Gonçalves, 68, na Rua Cayowaá, em Perdizes. Com uma máscara semelhante à usada pelo personagem Jason, do filme Sexta-feira 13, Cirino invadiu a residência do casal às 6 horas do dia 17, uma sexta-feira, para roubar. Convencido pela mãe, entregou-se à polícia cerca de sessenta horas depois. “Não foi a primeira vez que roubei. Se não tivesse matado o casal, não seria a última.”

Veja São Paulo – Por que você escolheu aquela casa?

Cirino – Sabia que era habitada por velhinhos. Por isso, achei que seria mais fácil roubar. Por volta das 2h30 de sexta, pulei o muro e fiquei esperando alguém abrir a porta. Às 6 horas, a mulher abriu. Eu cobri a boca dela, mas ela se soltou e começou a gritar. Não sei o que deu em mim depois. Não tinha intenção de machucar ninguém, mas dei várias facadas nela. Mandei o marido ficar quietinho. Reparei então que tinha alguém no banheiro. Era o filho deles. A gente brigou, e acabei dando uma facada na nuca dele. Nisso, o senhor saiu correndo para a rua. Fui atrás dele e dei várias facadas.

Veja São Paulo – Você roubou algo?

Cirino – Não consegui. Eu surtei durante o assalto. Quando vi o que tinha feito, só consegui sair dali correndo. Fui para a minha casa, lavei a faca, troquei de roupa, coloquei tudo num saco plástico e comecei a chorar.

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Veja São Paulo – O que você iria fazer com o dinheiro que pretendia roubar?

Cirino – Queria pagar uma dívida que tenho com a prefeitura por causa de IPTU atrasado, pagar o aluguel da minha casa, que é de 50 reais (Cirino morava praticamente de favor num sobrado de um amigo), e ter um trocado para comprar roupas. Não foi a primeira vez que roubei. Se não tivesse matado o casal, não seria a última. Acho que sou viciado em roubar. Comecei a arrancar toca-fitas de carros aos 16 anos. Você começa a assaltar por aventura, aí consegue comprar tênis, camiseta da moda… Vira uma bola-de-neve. Já tinha roubado uma casa antes, também na Rua Cayowaá. A TV do meu quarto é roubada. Não tenho educação para tentar um emprego decente. Parei de freqüentar a escola na 6ª série. Até uns seis meses atrás, eu fazia entregas para uma pizzaria com a minha moto. Descolava 15 reais por dia. Mas, como vendi a moto para pagar umas dívidas, estava sem renda fazia algum tempo.

Veja São Paulo – O que fez você se entregar?

Cirino – Minha mãe me convenceu. Eu e minha mãe temos uma relação muito estranha. Não falava com ela fazia mais de dois anos. Mas, como estava perdido depois do crime, fui procurá-la. Fiquei muito mal quando vi na TV de um bar que o filho do casal poderia ser preso no meu lugar. Pensei seriamente em pegar aquela mesma faca e me matar. A minha mãe me recebeu, ouviu a história, começou a chorar e disse: “Filho, encare isso como um homem e assuma seu erro”. Foi o que eu fiz. Não temo a Justiça. Temo a Deus. Por isso saí da casa da minha mãe, fui até a igreja de Nossa Senhora de Fátima, falei com o padre e liguei para o 190 da polícia. Toda vez que fecho os olhos, lembro do sangue. Isso vai me perseguir por toda a vida.

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