Longe das novelas desde América (2005), a atriz carioca Lúcia Veríssimo, de 51 anos, escreveu, produziu e protagoniza o drama Usufruto. A montagem, em cartaz no Teatro Faap, trata do encontro de uma mulher madura com um jovem em meio à disputa por um imóvel.
Por que decidiu escrever para teatro?
Há oito anos, queria montar um espetáculo sob a direção de José Possi Neto e não encontrava texto. As gravações de América eram cansativas. Passávamos horas de espera na locação. Levei meu computador e, em uma semana, nos intervalos, escrevi a peça. Achei que seria um rascunho. Possi leu e disse que ali nascia uma dramaturga (risos).
Na estreia, no Festival de Angra dos Reis, em novembro, muito se falou de uma cena erótica entre você e o ator Raphael Viana… O sexo ainda assusta tanto o público?
Só se fala disso. Eu não entendo a razão. As pessoas estão cada vez mais caretas. Minha geração foi a última a quebrar barreiras, a se arriscar. Hoje, todos crescem com mais acesso à informação e estão mais apáticos e ignorantes.
O teatro é uma saída quando os papéis começam a escassear na TV?
Eu rompi com a TV. Faço agora o que deveria ter feito no passado, ou seja, priorizar o teatro. Sempre participei de novelas e, nos intervalos, viajava, estudava línguas. Minha última peça em São Paulo foi Blackout, há 22 anos. Não tenho mais paciência para a TV e, por isso, vivo na “geladeira”. As novelas são escritas por cinco pessoas, dirigidas por oito, e a qualidade só cai. Nos anos 70, havia um autor e um diretor, e o resultado era muito melhor.