O que andam falando nas livrarias
Descubra o que as pessoas andam falando nas livrarias da cidade
— Esse menino ama ler, nunca vi igual! Nisso ele puxou ao pai. Não tem nem 13 anos e já deve ter lido mais livros que eu.
Mulher com cerca de 40 anos para a amiga, enquanto seu filho folheava um livro sentado em um pufe na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
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— Queria que acontecesse como nos filmes: estou aqui olhando os livros quando aparece um homem lindo. Depois de conversar sobre arte e fotografia, saímos juntos para um café. — A diferença é que na vida real, para estar na livraria em uma segunda-feira, às 17h, o tal príncipe ou é desempregado ou estudante em férias.
Conversa entre duas mulheres com cerca de 30 anos, na prateleira de livros de fotografia da Fnac da Praça dos Omaguás, em Pinheiros.
— Mãe, pode ler antes de comprar?
— Pode sentar e dar uma olhadinha.
— Mas aí não vira biblioteca?
Menina de 8 anos, na seção infantil da Cultura.
— “Se você estiver interessado em namorar, precisa ser meio velho — tipo 15 ou 16 anos, se os seus pais acharem que tudo bem.” Viu?
Menino de aproximadamente 11 anos lendo para o irmão um trecho de ‘Como Falar com Meninas’, de Alec Greven, na Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho, na Vila Madalena.
— Mãe, ouvi quietinha e respondi tudo que a moça perguntou. Quantos presentes eu vou ganhar?
Menina de aproximadamente 4 anos, depois da apresentação de um contador de histórias na Livraria da Vila.
— Tenho de confessar que sinto um pouco de ciúmes ao ver esses garotos comprando discos de vinil. É como se eles invadissem nossa geração.
Homem grisalho aparentando 50 anos, para o amigo, na Cultura.
— As capas dessa coleção da Clarice Lispector são tão feias… — São mesmo. Quando estava lendo A Hora da Estrela, tinha até vergonha de ficar segurando o livro no metrô. Parece literatura de quinta categoria.
Conversa entre duas jovens de 25 anos, na Cultura.
— Pai, agora eu quero aquele livro pequenininho do sapo que virou pedra.
— De novo? Nós acabamos de ler.
— É, mas eu já esqueci algumas coisas…
Menina de uns 6 anos para o pai, na Livraria da Vila.
— Nossa, olha esse livro do Corinthians, que lindo.
— Tem cara de picareta.
— É nada, tem várias fotos legais, olha só.
— É muito caro, vamos embora.
— De jeito nenhum, vou comprar agora
— Depois você compra, a fila está muito grande.
— Vamos pagar no outro andar. Para de cortar o meu barato, eu vou levar de qualquer jeito.
— Não vai
— Vou, sim.
— Já comprei esse livro para te dar de presente de aniversário, na semana que vem. Agora podemos ir?
Casal com cerca de 30 anos, discutindo na Fnac.
— Pode voltar, aqui é uma chatice só!
Menina de 10 anos para a irmã, sobre o último andar da Livraria da Vila, onde fica a seção de livros de história.
— Você vai gostar desse livro, recomendo.
— Vou gostar muito mesmo? Porque a fila de espera na minha cabeceira está imensa. Jovem com cerca de 20 anos para a namorada, na Fnac.
— Olha quantos livros do Saramago! Pena que eu nunca li nada dele.
— Shhhhhh, fala baixo… Essas coisas a gente não conta pra ninguém.
Jovem com cerca de 18 anos repreendendo a amiga, que aparentava a mesma idade, na Cultura.
— Moça, quanto é?
— Sessenta reais.
— E estudante não paga meia?
Menina de uns 12 anos, questionando a vendedora da Cultura sobre o preço de um CD.
— Você já viu ‘Vicky Cristina Barcelona’? Achei muito legal!
— É bom mesmo, apesar de eu não gostar de Pedro Almodóvar.
Jovem de 20 anos para o namorado, sobre o filme dirigido por Woody Allen, na Cultura.
— Esta prateleira é ideal para casais. Do lado direito, livros de carro. Do outro, dietas. Dá até pra ficar de mãos dadas.
Mulher de aproximadamente 25 anos, para a amiga, na Fnac.