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Riba de Castro: “Éramos um bando de garotos sonhando”

Sócio fundador do Lira Paulistana dirige documentário com exibição nesta quarta (6) no CineSesc

Por Bruno Machado e Catarina Cicarelli
Atualizado em 5 dez 2016, 17h07 - Publicado em 5 jun 2012, 19h58

A história do teatro, que foi um marco na produção cultural nas décadas de 70 e 80, acaba de render um documentário batizado de “Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista”. A produção será exibida nesta quarta (6), às 19h, no CineSesc, dentro da programação do festival In-Edit, focado em documentários musicais. A fita é dirigida por um dos fundadores da casa, Riba de Castro. “Quando fiquei sabendo da morte do Itamar [em 2003] achei que era o momento de contar essa história”, explica o diretor.

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Ao todo, para produzir o filme, Castro entrevistou 65 pessoas entre músicos, atores, artistas plásticos, jornalistas e cineastas, habitués do Lira Paulistana. O espaço que dá nome ao filme não só promoveu shows, mas também editou livros, lançou um jornal próprio e abrigou uma gravadora. “Era um trabalho meio quixotesco, cooperativado. Os artistas faziam discos numerados e tinham 51% dos lucros”, lembra. Para ele, a casa acabou funcionando como uma espécie de catalisador da reunião de artistas de diferentes expressões — de Ná Ozzetti a Lanny Gordin e de Elias Andreato a Paulo Caruso. “Não sou nada místico, mas há momentos em que os astros conspiram para dar certo e coincidiu a gente estar ali e ter essa necessidade de fazer coisas”, lembra. “Éramos um bando de garotos sonhando”. Do fim da década de 70 até meados dos anos 80 artistas do porte de Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e Ultraje a Rigor se apresentavam no pequeno palco do Lira Paulistana, misto de teatro e casa de shows que funcionou de 1979 até 1986.

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Um dos entrevistados, o cineasta Fernando Meirelles teve papel fundamental na realização do longa. Na época, Meirelles registrava em vídeo os shows promovidos pelo Lira – alguns deles ocorriam em espaços como a Avenida Paulista e a Praça Benedito Calixto – e foi também na casa que conheceu o jornalista Marcelo Tas, com quem fundaria a produtora de vídeo independente Olhar Eletrônico. Segundo Castro, cerca de 80% das imagens antigas das atividades no teatro são de Meirelles. “O Fernando gravava tudo o que acontecia lá”, recorda.

O caráter independente do local foi mantido na realização do filme. O projeto surgiu como um livro, que apesar de pronto ainda não foi lançado, e a partir dele Castro produziu a fita apenas com a ajuda dos amigos, sem recorrer a editais. Por enquanto, o documentário só será exibido em festivais como o In-Edit e posteriormente na TV Cultura, que também cedeu imagens de arquivo para a produção.

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