Largo da Batata vira palco de casamento
Noiva faz parte de coletivo que promove atividades no local. Confira como foi a cerimônia.
“É um casamento? No Largo da Batata? Só podem ser hippies”, decretou a esteticista Aparecida da Silva, minutos antes de a noiva surgir de bicicleta na rua lateral da praça, sob aplausos das cerca de 150 pessoas que a esperavam ansiosamente. A cerimônia havia sido marcada para as 19h de sexta-feira (20) e já passavam das 21h quando ela chegou para subir ao altar coberto de flores e montado menos de uma hora antes. O atraso, típico de quem vai se casar, teve apenas uma culpada: a chuva, que caiu no fim da tarde e impediu que decoração, comida e som fossem montados.
Enquanto a arquiteta Laura Sobral, a noiva, chegava em uma bike dupla -dividida com pai-, o noivo, o músico Leonardo Bianchini, tocava tambor ao lado de amigos. Durante a cerimônia, os padrinhos jogaram em uma fogueira diversas ervas que simbolizavam desejos para o casal. Alecrim para o amor, manjericão para frescor e cravo da Índia para que atravessassem oceanos um pelo outro. À celebração, somavam-se sons típicos da praça: canções de forró vindas de um bar, o alarme de um carro estacionado e apitos de um catador de latinhas.
Realizado nesta sexta-feira (20), o casamento foi o 60º evento organizado pelo grupo A Batata Precisa de Você, que há cerca de um ano desenvolve atividades no Largo de Pinheiros, na Zona Oeste da capital. Laura é umas das fundadoras do coletivo, formado por moradores da região e pessoas preocupadas com a ocupação do espaço público na cidade. Por isso, a escolha do local para o casamento que foi realizado com a colaboração de amigos em pouquíssimo tempo. “A organização começou há menos de um mês. Fizemos uma reunião presencial, nos dividimos em três grupos e passamos a nos falar por Facebook”, conta a amiga e uma das responsáveis pela comida, Katia Mine, de 31 anos.
“Ao longo do tempo, viemos cultivando uma vontade autoral de criar um novo mundo. Criamos tantas ferramentas aqui no Largo, por que não poderíamos inventar a nossa própria cerimônia?”, refletiu o noivo, Leonardo Bianchini. O casamento civil aconteceu poucas horas antes em um restaurante e foi restrito para a família. No Largo da Batata, juntaram-se amigos e curiosos, que se animaram com a proposta. “Vou propor para meu ‘namorido’”, disse a professora Vânia Meira, de 50 anos.
Ao fim da cerimônia, Laura jogou o buquê e a festa começou. Apesar do som, da quantidade de pessoas e da mesa de doces houve poucos penetras. Ao contrario, a vida seguiu inormalmente no resto da praça, com grupos de amigos bebendo, namorados se beijando e jovens lendo livros.