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“Lago” perto da avenida Pompeia vira alvo de discórdia entre vizinhos

Criado na travessa Roque Adóglio, tem torneira utilizada por pessoas em situação de rua, o que incomodaria moradores de prédio de luxo ao lado

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h23 - Publicado em 16 abr 2021, 06h00
imagem do lago artificial na travessa Roque Adóglio
A obra dos coletivos: água corrente e torneira comunitária (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)
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A travessa Roque Adóglio, perto da Avenida Pompeia, é um daqueles cantinhos da cidade que foram “adotados” por grupos de moradores. Nos últimos anos, ganhou árvores frutíferas, grafites nas paredes e um adorno inusitado: um lago de cimento, pouco maior que uma piscina infantil. Feito em 2018, ele usa água corrente vinda de uma nascente próxima, no canalizado córrego da Água Preta. Tem plantas aquáticas e até pequenos peixes, que se alimentam de larvas de insetos. Na semana passada, uma petição do site Change.org, assinada por mais de 1 500 pessoas, alertou sobre uma possível “destruição” dessas intervenções feitas na viela. “Um projeto da prefeitura, de expansão de ciclovias pela cidade, algo importante e desejável, ameaça destruir isso tudo que foi realizado pelos moradores da Vila Anglo Brasileira”, diz o texto.

Funcionários da prefeitura reparando asfalto da travessa
Reparos da prefeitura (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)

A turma, na verdade, não precisaria temer a ampliação da ciclovia (que já chega às duas pontas da travessa). A CET vai apenas instalar placas e fazer pinturas no asfalto para organizar as bicicletas — sem mexer com o laguinho. Mas outros fatos acontecidos ali inquietam a vizinhança — e apontam para uma aparente disputa territorial naquele pedaço da Zona Oeste.

Colado à travessa, fica um prédio com varandas gourmets e apartamentos que passam de 1 milhão de reais em sites de classificados. “Condôminos influentes sempre reclamaram da revitalização da viela”, diz Flávio Barollo, do grupo que construiu o lago. Um dos motivos de discórdia seria uma torneira instalada perto do reservatório artificial, que passou a ser usada por pessoas em situação de rua.

fachada do prédio de condôminos estressados, ao lado da travessa
O prédio onde moradores seriam contra as novidades (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)
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No fim de março, árvores que tinham sido plantadas pelo grupo no trecho onde passa o muro do condomínio foram arrancadas — uma jabuticabeira, um urucum e uma amoreira. A Subprefeitura da Lapa diz que apenas “capinou” a rua, entre outras melhorias que executa no piso da via.

imagem de toco de árvore em meio ao asfalto
Uma das árvores frutíferas cortadas (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)

Encarregados dos reparos afirmam que as árvores foram cortadas pelo condomínio — o que não seria permitido. “Se dependesse dos moradores do prédio, a gente tiraria tudo, inclusive o lago”, diz um funcionário. Nos últimos dias, os ativistas deram o troco e replantaram um dos pés. “Há con – dôminos que têm contato com o subprefeito da Lapa (Caio Vinícius de Moura Luz) e dizem que vão ‘limpar tudo’ na travessa”, afirma Wellington Tibério, também ligado aos coletivos. Questionada, a subprefeitura informa que “não tem projetos de readequação do local”. Ou seja: por ora, o lago fica. O prédio não se manifestou.

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Publicado em VEJA São Paulo de 21 de abril de 2021, edição nº 2734

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