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Justiça determina transferência de Maluf para presídio da Papuda

Ex-prefeito se entregou à Polícia Federal nesta quarta (20) após STF determinar cumprimento de pena

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2017, 09h12 - Publicado em 20 dez 2017, 18h57

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou nesta quarta (20) que o ex-prefeito e atual deputado federal Paulo Maluf (PP) deverá ser transferido para a penitenciária da Papuda, em Brasília.

A decisão partiu do juiz Bruno Aielo Macacari, da Vara de Execuções Penais, que ordenou a alocação do político em uma ala destinada a presos idosos. O magistrado deu prazo de 48 horas para que a direção do Centro de Detenção Provisória da capital federal informe se possui condições de receber Maluf e de prestar assistência médica, em caso de necessidade.

Na mesma quarta, o advogado de defesa ingressou com uma ação no TJ-DF pedindo que seu cliente cumpra prisão domiciliar, sob a alegação de que ele está com a idade avançada (86 anos) e possui a saúde fragilizada devido a um câncer na próstata, a uma hérnia de disco e a problemas cardíacos. Essa solicitação ainda precisará passar pela análise do Ministério Público antes de o mérito ser apreciado pelo juiz.

“Consideramos a decisão da transferência positiva, pois o bloco V, destinado aos presos idosos, tem condições razoáveis e é melhor do que o sistema prisional de São Paulo. Como ele está condenado e não poderia continuar na Polícia Federal da capital paulista, estará bem alojado até a definição da prisão domiciliar”, afirma o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay.

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Enquanto isso, Paulo Maluf permanece na carceragem da Polícia Federal na Lapa, em São Paulo, até que os trâmites logísticos sejam resolvidos.

Durante o dia, o ex-prefeito ficou em um cela de 2,36 metros de largura por 4,15 metros de comprimento. O local possui dois beliches, uma mesa com um banco, um chuveiro e um vaso sanitário.

Veja abaixo um croqui do espaço:

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(VEJA SÃO PAULO/Veja SP)

Ao todo, a carceragem da PF, localizada no terceiro andar do prédio, possui trinta celas, divididas em duas alas. Três estão interditadas. As 27 restantes são compartilhadas por trinta presos provisórios, entre os quais os irmãos Joesley e Wesley Batista, investigados na Operação Lava-Jato.

A rotina no lugar consiste em: café da manhã às 8h, almoço às 12h e jantar às 18h. O cardápio é composto de arroz, feijão, proteína e salada. Não é permitida a entrada de alimentos de fora, exceto em dias de visita, às quintas-feiras. Todos os detidos têm direito a quatro horas de banho de sol em dois períodos, das 10h às 12h e das 16h às 18h. No espaço, que possui o tamanho de uma quadra de futebol de salão, os homens jogam bola e podem praticar corridas. No fundo, localiza-se uma espécie de tanque para lavar as roupas. Às 22h, ocorre o toque de recolher.

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Paulo Maluf chegou ao prédio da PF na manhã desta quarta levando uma mala de roupas. Saiu pouco depois, apoiado por uma muleta, para fazer exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) da Vila Leopoldina.

Na noite de terça (19), o político sinalizou a VEJA SÃO PAULO que poderia se entregar. “Você me encontrou, não encontrou? Nunca fugi e nem vou fugir”, disse. O deputado e ex-prefeito de São Paulo foi condenado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, em 23 de maio, a sete anos de cadeia por lavagem de dinheiro.

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Ele foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber propina de contratos públicos com as empreiteiras Mendes Júnior e OAS entre 1993 e 1996, época em que era prefeito. Os recursos, segundo a denúncia, foram desviados da construção da antiga Avenida Água Espraiada, hoje Jornalista Roberto Marinho. 

Além disso, ele é processado pelo MP paulista por improbidade administrativa. Segundo o promotor Silvio Marques, da Promotoria do Patrimônio Público, o montante de 1 bilhão de reais das empresas de Maluf, como a Eucatex, e de seus filhos, está bloqueado devido a duas ações na Justiça.

Os casos são correlatos aos das condenações de maio. “A história começou conosco, com uma investigação dos anos 90, e depois foi desmembrada para o Ministério Público Federal, responsável pela parte criminal”, afirma Marques. “Fizemos um acordo com quatro bancos estrangeiros usados na lavagem do dinheiro e recuperamos 100 milhões de dólares para o município. Mas ainda falta o julgamento da ação”, completa.

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Em março deste ano, o deputado fez piada em seu Facebook ao afirmar que seu nome não aparecia nas mais recentes denúncias de corrupção em Brasília. “Não só não estou na Lava-Jato e na lista do Janot, como não estou no mensalão”. A mensagem teve mais de 2 400 compartilhamentos e cerca de 1 000 comentários.

À época, afirmou a VEJA SÃO PAULO que comemorava o fato de passar longe do noticiário policial. “Posso dizer de boca cheia: entrei na vida pública há mais de cinquenta anos, moro na mesma casa, estou no mesmo partido e sou casado com a mesma mulher”.

Movimentação na mansão

Durante o dia, foi normal o movimento na rua onde o ex-prefeito reside, no Jardim América. Do lado de fora, três carros e pelo menos cinco seguranças particulares se revezavam para vigiar a entrada da mansão. Em quarenta minutos, cinco veículos de luxo entraram no espaço.

O político é casado há 62 anos com Sylvia Maluf, com quem tem quatro filhos: Ligia, Otávio, Flávio e Lina. O xodó do político é a pequena Catarina, bisneta que nasceu em abril de 2017. Ela é filha de Patrícia Maluf Alves da Silva Abbud e Cícero Abbud. Patrícia é filha de Lina. Com a prisão do marido, dona Sylvia interrompeu o hábito de jogar tranca com as amigas da colônia libanesa todas as tardes. Sempre às 17 horas, ela recebia as colegas em sua mesa de carteado localizada na sala principal da mansão do Jardim América.

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