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Jovem assassinada em Bariri era filha única e se casaria em janeiro

Mariana Bazza foi morta depois de aceitar ajuda de um estranho para trocar um pneu do carro

Por Estadão Conteúdo
27 set 2019, 09h28
Mariana Bazza: jovem foi assassinada no interior do estado (Instagram/Mariana Bazza/Reprodução)
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Familiares e amigos da universitária Mariana Forti Bazza, de 19 anos, assassinada depois de aceitar ajuda de um estranho para trocar um pneu do carro, em Bariri, interior de São Paulo, descrevem a jovem como uma pessoa amorosa, cheia de planos e de bem como a vida. “Ela era voluntariosa e simpática ao mesmo tempo, uma menina alegre, vaidosa e cheia de vida. Ela tinha um coração muito bom, ajudava a todos, não via maldade nas pessoas” disse Jessylen Vianna, irmã do namorado de Mariana, Jefferson Vianna.

Ela conta que os dois namoravam havia dois anos e pretendiam se casar e morar juntos, em Santos, onde ele trabalha na Marinha do Brasil. A mudança dela para a cidade litorânea estava prevista para janeiro.

A amiga Patrícia Fernandes, que frequentava a mesma academia de ginástica, descreve Mariana como uma pessoa amável. “Estava sempre sorrindo, parece que não tinha tempo ruim. Até chorei quando acharam o corpo. Podia ter acontecido comigo, com alguém da família. Foi uma coisa brutal, inexplicável.”

Mariana desapareceu na manhã de terça-feira (24) depois de sair da academia de ginástica e aceitar a ajuda de um estranho para trocar um pneu do seu carro, que havia murchado. O corpo foi encontrado no dia seguinte, em um canavial de Ibitinga, cidade próxima. Imagens de uma câmera de segurança mostraram quando a jovem foi abordada pelo pintor Rodrigo Pereira Alves, de 37 anos ex-presidiário, condenado por sequestro e estupro, entre outros crimes, que tinha saído havia um mês da prisão. Ele foi preso no mesmo dia do crime.

Jefferson não falou com a reportagem, mas repassou a mensagem dirigida a Mariana que publicou em sua página no Facebook. “Você se tornou minha companhia, minha melhor amiga, a pessoa com quem eu queria viver todos os dias de minha vida. Criamos sonhos juntos, nossa última conversa era qual o nome que íamos dar aos nossos filhos. Planos de logo morarmos juntos e dividir, mais que carinho, um lar, construindo juntos nossos objetivos.” Ele encerra, pedindo “que Deus te dê aquele abraço que hoje eu não posso te dar…”

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Um amigo da família Bazza contou que os pais estão arrasados, pois Mariana era filha única. “São pessoas de família tradicional, muito religiosa, e eles viviam em função dessa menina”, disse, pedindo para não ser identificado.

Enquanto aguardava a liberação do corpo, na quarta-feira (25), a mãe dela, Marlene Aparecida Forti Bazza, falou com jornalistas e fez um desabafo: “Minha filha era única, minha filha era linda, amada. Perdi o chão, perdi tudo, ele tirou o bem mais precioso que eu tinha. Ele acabou também com a minha vida.”

A mãe contou que, enquanto acompanhava as buscas, já pressentia que algo de ruim tinha acontecido com Mariana. “Mas meu marido é uma pessoa de muita fé. Ele acreditava que ela pudesse estar bem. Eu tentei me controlar, ter esperança. Agora, quero que esse assassino fique preso até o fim da vida dele.”

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No dia anterior, quando as buscas ainda aconteciam, Marlene postou em rede social uma imagem de Nossa Senhora e um apelo: “Minha mãezinha, traga minha filha com vida.” Nesta quinta-feira a página trazia uma foto de Mariana com asas de anjo e a frase: “Minha filha virou um anjo lá no céu, olhando por nós que ficamos com o coração despedaçado. Que Deus possa amenizar nossa dor.”

Comoção

Na cidade de 35 mil habitantes, a morte de Mariana causou comoção. O prefeito Francisco Leoni Neto (PSDB) decretou oficial por três dias no município. A academia Cross, onde a jovem fazia ginástica, não abriu na quinta-feira “em razão de luto”. Funcionários foram dispensados para acompanhar o velório da jovem.

No Centro Universitário Sagrado Coração (Unisagrado), em Bauru, onde Mariana cursava o segundo ano de fisioterapia, as aulas foram suspensas e foi celebrada uma missa, na noite de quarta, em que houve apelos contra a violência.

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Em nota, a faculdade manifestou tristeza e se solidarizou com a família e colegas de turma enlutados. “Infelizmente, um sonho, um futuro, uma mente, um coração jovem foi perdido! Essa ruptura dolorosa impõe a reflexão sobre o que a sociedade precisa fazer pelos seus jovens e reafirma o importante papel das instituições de ensino como promotoras de um mundo em que as esperanças e entusiasmos não deem espaço para a precariedade, que gera o medo.”

Em redes sociais, entre centenas de mensagens de repúdio e ódio ao autor do crime, amigos, conhecidos e pessoas que não conheciam a família manifestaram pesar e solidariedade. “Deus conforte o coração de todos e amenize essa dor. Nós, mães, estamos de luto. Descansa em paz, Mariana”, escreveu Silvia Eldécio Crespi. “O céu de Bariri chora junto com todos nós! É difícil acreditar que um ser humano seja capaz de tanta crueldade e frieza. Mari não dá para acreditar, tão jovem, tão linda, amiga, com a vida toda pela frente! Quero me lembrar de você sorrindo!”, postou Isabela Carvalho.

Violência

O corpo de Mariana foi sepultado às 13 horas desta quinta-feira (26) no Cemitério Municipal de Bariri, em clima de comoção. Centenas de pessoas acompanharam o féretro. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Araraquara, onde a necropsia foi realizada ainda não ficou pronto, mas análise preliminar indicou sinais de estrangulamento.

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Conforme a Polícia Civil, Mariana foi encontrada amordaçada, com as mãos amarradas atrás do corpo e um ferimento na boca, mas estava vestida. Os peritos pediram exame residual para apurar se houve violência sexual. Na quarta-feira, durante audiência de custódia no Fórum de Jaú, o suspeito do crime alegou inocência e chorou durante o interrogatório. O juiz decidiu mantê-lo na prisão. Alves não tinha advogado constituído até a tarde desta quinta-feira.

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