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José Teixeira, o estrategista do Corinthians

O preparador físico do time no Campeonato Paulista de 1977 assumiu a equipe no ano seguinte, com a condição de ter tempo para montar um plantel forte

Por Mauricio Teixeira
Atualizado em 14 Maio 2024, 09h29 - Publicado em 3 Maio 2010, 20h34

Nascimento: São Paulo-SP, 25/9/1935

Período: em 1978/79

Títulos pelo Corinthians: Campeão Paulista de 1977 (como preparador físico)

José Teixeira era professor de educação física e trabalhou muito tempo como preparador físico e membro de comissões técnicas do Corinthians. No ano da queda do tabu de 22 temporadas sem título, ele fazia parte do comando do clube que tinha em Oswaldo Brandão o treinador. No ano seguinte, ele finalmente assumiria como técnico da equipe. Montou um time que seria a base campeã paulista de 1979, além de dominar no início dos anos 80. Sempre apoiou-se em números, estatísticas e dados técnicos no comando de suas equipes. Dirigiu o time em mais de 100 jogos consecutivos.

Depoimento:

“Vicente Matheus foi um dos melhores dirigentes que eu conheci na minha vida. Ele não tinha muita cultura, mas tinha inteligência, palavra, honestidade. Ele não fazia para ele, fazia para o clube. Quando me convidou para assumir o Corinthians, em 1978, demorei uma semana para responder. Falei para ele que eu era professor da Universidade de São Paulo, que dava curso de treinador em Santo André, que era técnico da seleção de novos, enfim, que precisava da autorização deles. Depois que todos aceitaram, voltei ao Matheus e disse que estava liberado. Ele perguntou se podia anunciar e eu disse que não. Ele perguntou o motivo e eu disse que o time precisava de uma reestruturação no elenco e que alguns jogadores precisavam sair. Tínhamos que fazer um time novo e, primeiro, esse time novo demoraria para engrenar. Segundo, a torcida não iria aceitar. Terceiro, a imprensa iria criticar a dispensa de jogadores campeões. E disse que, se ele me aguentasse por um determinado tempo, eu assumira. Pedi três meses. E ele falou. ‘Dois, te dou dois meses, nem um dia a mais, em um dia a menos. Mas com a condição de que você vá ao conselho explicar, pois eu não sei explicar isso que você está me pedindo’. Assumi o time, montamos um time novo e foi terrível. Aí trouxe o Peter, o Taborda, o Djalma, o Biro-Biro, depois o Sócrates. Mas, para engrenar esse time, eu precisava de um prazo. E perdemos para o Palmeiras por 2 x 0, no Morumbi. Com 118 mil pessoas no estádio. ‘Fora Teixeira’ foi o que mais se ouviu. À noite, Matheus convocou toda a imprensa para o dia seguinte. Estava na cara que iria me mandar embora. Mas ele começou assim: ‘Muito boa tarde, queria agradecer a vocês por terem aceitado o meu convite e pedir desculpa porque o que eu tenho para falar a vocês é muito pouco. Toda a torcida, imprensa, diretoria, tem muita gente que quer que o Corinthians dispense o ‘ténico’, mas o Corinthians deu um prazo para o ‘ténico’. Enquanto esse prazo não vencer, o Corinthians muda de presidente, mas não muda de ‘ténico’. Como eu estava garantido, comecei a trabalhar. Aí, o time deslanchou.”

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