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Jô Soares: “Sofri a dor que é o pesadelo de todo pai”

Emocionado, apresentador voltou a gravar nesta segunda e dedicou talk show ao filho Rafael Sores, que morreu na última sexta (31)

Por Veja São Paulo
Atualizado em 17 Maio 2024, 10h25 - Publicado em 4 nov 2014, 08h38
Jô Soares com o filho Rafael
Jô Soares com o filho Rafael (Reprodução/Dedoc/)
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O apresentador Jô Soares gravou, nesta segunda-feira (3), o primeiro Programa do Jô após a morte de seu filho Rafael Sores. No talk show, que foi ao ar na madrugada desta terça, Jô homenageou Rafael, que era autista e faleceu na última sexta-feira, aos 50 anos. “Na última sexta-feira, dia 31, eu sofri a dor que é o pesadelo de todo pai: a perda de um filho. Ele passou a vida inteira na realidade de seu próprio mundo, com corpo de adulto e coração e alma de criança”, afirmou.

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No começo do programa, Jô contou uma passagem sobre o filho para exemplificar por que decidiu voltar tão rapidamente às gravações. “Uma vez, numa livraria, ele chegou junto ao caixa carregando uma dúzia de livros. Eu estranhei: ‘Rafa, é muito. Escolhe seis’. E ele: ‘Então eu não quero nenhum. Eu prefiro não escolher’. ‘Mas por que não?’. ‘Porque escolher é perder sempre’. Levei todos. Hoje, eu também não preciso escolher. Como ele nunca faltou ao seu trabalho, também não posso faltar ao meu”, disse o apresentador.

 
https://youtube.com/watch?v=AXbqis29NkM

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O trabalho de Rafael, segundo o apresentador, era uma rádio particular que o filho produzia em casa. Jô aproveitou para mostrar algumas vinhetas da “emissora” que foram feitas com a ajuda do músico Derico. “Nos seus aniversários, ele não tirava a rádio do ar nem na hora de soprar as velas.”

Ainda na abertura, Jô, emocionado, afirmou que a força de vontade  do filho sempre o orgulhou. “Essa disposição de viver com entusiasmo e até com paixão esse caminho limitado que a vida lhe ofereceu me dá muito orgulho.”

Ao final do talk show, o apresentador, fixou o olhar para câmera e afirmou: “Então é isso: vida que segue. A vida é pra isso mesmo, pra gente viver”. A plateia presente no auditório o aplaudiu de pé. “Obrigado, plateia, por todo carinho, afeto e senso de humor de vocês hoje. O programa começou difícil e,  graças a vocês, foi se tornando mais leve e alegre.” Foram entrevistados maestro Isaac Karabtchevsky, a modelo angola Sharam Sharam, uma das angels da Victoria’s Secrets, e ator Felipe Titto.

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‘Bonequinho’

Rafael vivia com a mãe, a atriz Theresa Austregésilo, no Rio e, quando vinha a São Paulo, ficava no apartamento do apresentador em Higienópolis. A causa da morte não foi revelada.

Em 2003, quando VEJA SÃO PAULO retratou Jô Soares em um perfil, o apresentador contou que Rafael tocava piano, fazia programa de rádio em casa, falava inglês e tinha aprendido a ler sozinho aos 4 anos de idade.

 

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Rafael tinha o jeito de andar de bonequinho, o humor e a musicalidade do pai. Sofria do chamado autismo “de alto nível”, como o personagem vivido por Dustin Hoffman em Rain Man. Ele possuía uma boa capacidade de comunicação e inteligência, mas tinha dificuldades motoras e vivia em uma espécie de mundo particular. “Estávamos em uma loja de livros e o Rafinha separou vinte para levar”, conta Jô. “Pedi que escolhesse alguns e ele me respondeu: ‘Não quero nenhum. Escolher é perder sempre’”, contou Jô, na época da reportagem.

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Jô lembrou-se com desvelo de outras boas sacadas do filho, como quando ele disse durante uma partida do Fluminense que o grito de guerra das torcidas estava desafinado. “Ele é genial.”

 

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