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Jaçanã volta a ser notícia por assassinatos

Na semana passada, dez assassinatos foram registrados na região da Zona Norte

Por Daniel Salles
Atualizado em 1 jun 2017, 18h45 - Publicado em 14 Maio 2010, 16h47
Jaçanã - Orlanar Mendes_2165
Jaçanã - Orlanar Mendes_2165 (Fernando Moraes/)
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Homenageados pelo compositor Adoniran Barbosa em uma de suas mais famosas canções, ‘Trem das Onze’, os moradores do Jaçanã, na Zona Norte, estão longe de viver dias de cantoria. Na semana passada, dez assassinatos foram registrados na região. O primeiro deles ocorreu no sábado (8) e vitimou o policial civil Carlos Vagner Souza de Oliveira. Ele levou seis tiros à queima-roupa durante uma investigação. No dia seguinte, um sargento da Polícia Militar, Máximo Bezerra da Silva Neto, foi executado por quatro bandidos, e um sem-teto apareceu morto, com ferimentos de bala. Na segunda (10), uma menina de 14 anos foi encontrada sem vida, com as pernas amputadas.

O crime com o maior número de vítimas, no entanto, ocorreu na madrugada de terça-feira (11). Em um viaduto sob a Rodovia Fernão Dias, no limite entre a capital e Guarulhos, seis pessoas foram alvejadas por quatro criminosos a bordo de duas motos. Houve apenas um sobrevivente, uma jovem de 25 anos, que está sob a proteção do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em um hospital.

Fernando Moraes

Funcionário de uma loja próxima à cena do crime, Orlanar Mendes conhecia os sem-teto assassinados: “Eles não faziam mal a ninguém”

Usuárias de crack, as vítimas viviam no local e passavam o dia esmolando em faróis. “Eles sempre pediam água e para trocar o dinheiro arrecadado, mas jamais fizeram mal a ninguém”, diz o vendedor Orlanar Mendes, de uma loja de materiais de construção próxima à cena do crime. Manoel do Nascimento Cerqueira Júnior, que morava em um conjunto habitacional a 600 metros do viaduto, também foi assassinado por bandidos na mesma noite. Segundo a polícia, estão sendo investigadas duas possíveis causas para a matança mais recente. A primeira delas é que a execução teria sido comandada por moradores incomodados com a presença do grupo nas ruas. De acordo com a segunda hipótese, os sem-teto teriam sido atacados por ordem de uma mulher, cuja bolsa fora roubada por um deles dias antes. Bairro rodeado por favelas, o Jaçanã vive o clima de medo.

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Quase todas as residências e lojas vizinhas ao viaduto têm arame farpado sobre seus muros. No mês passado, um posto de gasolina próximo foi assaltado por dois homens que dirigiam um Celta vermelho roubado. “Como eles nos renderam na hora do almoço, fico desconfiada de quase todos os motoristas que param para abastecer”, diz a caixa do posto, que, temendo represálias, pediu para não ser identificada — a solicitação foi repetida por sete dos dez moradores ouvidos por VEJA SÃO PAULO.

Fernando Moraes

Jaçanã - Banco_2165
Jaçanã – Banco_2165 ()

Agência do Banco do Brasil: um dos caixas eletrônicos foi arrombado no último dia 7

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O sentimento de insegurança é partilhado pelos funcionários da concessionária de veículos Estrela Dalva, que ficaram sob a mira de revólveres em março, durante um roubo realizado pela manhã. “Levaram um Hyundai i30 e nosso sossego”, lamenta um dos vendedores da loja. Na sexta-feira (7), a agência do Banco do Brasil do bairro ficou fechada. O motivo: um dos seis caixas eletrônicos havia sido arrombado durante a madrugada.

 

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a quantidade de chacinas na capital está diminuindo. Em 2001, foram registradas 43, número que caiu para onze no ano passado. A execução no Jaçanã é a quinta de 2010. “O índice de esclarecimento para esse tipo de crime é de mais de 60%”, afirma Domingos Paulo Neto, delegado-geral da Polícia Civil. “As chances de encontrarmos os culpados são grandes.”

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