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Iris Ukiyoé combina rosas, flor de laranjeira e tangerina

Perfume é o nono lançamento da coleção vendida exclusivamente nas boutiques da grife francesa

Por Simone Esmanhotto
Atualizado em 5 dez 2016, 17h50 - Publicado em 16 ago 2011, 20h45

É difícil adivinhar que aroma Jean-Claude Ellena criaria se o tema de seu próximo perfume fosse São Paulo. Nascido em Grasse, cidade francesa ligada à perfumaria (é dos campos da região que saem as rosas utilizadas nos perfumes Chanel), Ellena não inspira para se inspirar. O caminho entre seu nariz e o conteúdo que cria para os frascos da Hermès é o menos óbvio (e longe do olfato). “Ou ele visita o lugar ou ele tem uma interpretação intelectual de um tema”, diz Arnaud Beauduin, vice-presidente para a divisão de perfumes da grife parisiense, a VEJA SÃO PAULO LUXO, sobre o perfumista exclusivo da maison desde 2004. Beauduin apresentou na loja do Shopping Cidade Jardim o Iris Ukiyoé, o nono aroma da coleção Hermessence, vendida exclusivamente nas lojas da grife no mundo (100 ml, R$ 593).

Para criar Jardin sur le Nil, em 2005, por exemplo, Ellena se livrou de uma série de idéias pré-concebidas sobre o “cheiro” do Egito – doce, temperado com especiarias, menta – e navegou pelo rio faraônico em busca de uma surpresa. Ela veio em forma de uma plantação de mangas, ainda verdes, nas margens do Nilo. “Seu trabalho é autêntico e cada perfume é como um romance, um conto ou um poema, em que a liberdade de criação é o que mais importa.” Por liberdade de criação, entenda-se a vontade pura e simples do perfumista de associar parte dos 350 ingredientes, naturais ou artificiais, sem obedecer a tendências, calendário de lançamentos ou fantasias criadas em nome do marketing. É um exercício de criatividade minimalista bem diferente do começo de carreira desse francês. No início dos anos 70, Ellena tinha em mãos cerca de 3 000 opções para fazer perfumes complexos, como os criados para a joalheria Van Cleef & Arpels (First e Miss Arpels). O perfumista também assinou fragrâncias para Balenciaga, Bulgari, Cartier e YSL.

“Não vendemos perfumes que contam a história de um homem que beija uma mulher”, cutuca Beauduin. Para Iris Ukiyoé, Ellena teve vontade de colocar num frasco a ideia que tem da flor que colore o jardim da sua casa. Interessado pela cultura oriental, o perfumista emprestou dos ukiyoé, um tipo de gravura japonesa sutil que ele coleciona, o jeito de trabalhar com a iris. Ao contrário do costume da perfumaria de utilizar a raiz da flor, o “nariz” da Hermès optou pelas pétalas. O cheiro é uma mistura de rosas, flor de laranjeira e tangerina – em outras palavras, o aroma da íris na sua imaginação. Como em todos os perfumes da Hermessence, esse também é feito para homens e mulheres. “Ellena não acredita que perfumes tenham gênero. Essa é uma questão cultural”, diz Beauduin. “Compartilhar é a nossa proposta.”

Há três anos a Hermès tenta seduzir Ellena para visitar o país. O perfumista já usou o pau-brasil em um dos frascos das Hermessence, o Paprika Brasil. Agenda lotada tem mantido o perfumista longe de São Paulo. Mas uma interpretação ou imagem poética do maltratado Rio Pinheiros seria bastante bem-vinda.

 

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