Iphan pede paralisação de construção do Parque Augusta
Segundo o órgão, pode haver traços arqueológicos anteriores ao domínio português no local
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pediu a paralisação das obras do Parque Augusta, na região central da capital paulista, devido à possibilidade de existência de vestígios de populações indígenas na área. Segundo o órgão, pode haver traços arqueológicos anteriores ao domínio português no local.
“Entre esses indícios está o histórico da ocupação da cidade, já que se trata de uma região central em São Paulo. Sabe-se que as ocupações humanas procuram características de terreno favoráveis a seus assentamentos, como a existência dos rios e córregos que cercavam essa região. Também vale destacar o caminho indígena Peabiru, que passava próximo dessa área”, explica o Iphan por nota, fazendo referência às estradas indígenas que ligavam a região ao litoral.
Por isso, o Iphan recomendou à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo a contratação de uma equipe de arqueologia para investigar a área onde será construído o parque. O tema será discutido em uma reunião hoje (7) entre o instituto e a secretaria.
Além dos vestígios de povos tradicionais, o Iphan aponta para a possibilidade de haver materiais remanescentes de edifícios do começo do século XX.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente confirmou que foi notificada pelo Iphan. “Importante destacar que, durante todo o processo de desenvolvimento e aprovação do projeto do Parque Augusta, houve o acompanhamento e devidas aprovações do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – Conpresp”, enfatiza o comunicado do órgão municipal.
Parque Augusta
O Parque Augusta está sendo construído no terreno do antigo Colégio Des Oiseaux, que funcionou no local no início do século XX. O palacete onde funcionava a escola para meninas e parte dos portões e muros foram tombados pelo Conpresp em 2004. A área de 24 mil metros quadrados fica na Rua Augusta, na altura das ruas Marquês de Paranaguá e Caio Prado.
O local só foi definitivamente destinado à construção de um parque em 2018, após anos de disputa entre a comunidade local e empreiteiras que compraram o terreno e pretendiam construir um grande empreendimento imobiliário na área.
A prefeitura fez um acordo com as construturas Setin e Cyrella em que as empresas aceitaram ceder o terreno em troca de títulos que permitem a realização do empreendimento que seria feito no local em outra área. As empresas também aceitaram pagar uma indenização de cerca de R$ 10 milhões à prefeitura para extinguir uma ação que era movida pelo Ministério Público de São Paulo em relação ao terreno.