“Inverno da Luz Vermelha” mostra jovens driblando carências
No drama, Monique Gardenberg dá um salto na direção de atores
Exemplo de diretora globalizada, Monique Gardenberg circula pelo cinema, teatro e música. Conheceu a unanimidade como encenadora no épico Os Sete Afluentes do Rio Ota (2003), filmou o romance Benjamim (2004), de Chico Buarque, e valorizou com beleza cênica o show Primórdios (2005), de Marina Lima. Desde 2007, quando a montagem Um Dia, no Verão dividiu opiniões, ela resistia ao palco, como confessou à plateia no último dia 20, logo depois da primeira apresentação de Inverno da Luz Vermelha. O drama, em cartaz na Faap, marca a reconciliação de Monique também com um teatro calcado mais na essência que no efeito.
A peça do americano Adam Rapp apresenta jovens driblando suas carências. De passagem por Amsterdã, dois amigos (os atores André Frateschi e Rafael Primot) se envolvem com uma prostituta (interpretada por Marjorie Estiano). Um deles é o machão admirado e, ao mesmo tempo, intimidador; o outro, acanhado, amarga a maior fossa. Centrada nos contrastes psicológicos, a primeira parte investe nos diálogos e em um ritmo mais lento para preparar o desfecho: o reencontro do trio, um ano depois, e as consequências disso para cada um. Apesar de não investir na malícia, Marjorie, tão associada ao físico miúdo e angelical, convence na dubiedade da personagem. Em cena, sobressaem Frateschi e Primot, em tradução perfeita de seus tipos. Esse bom rendimento do elenco demonstra que Monique deu um salto na direção de atores, sem todavia dispensar seu habitual pendor pelos apelos visuais.
AVALIAÇÃO ✪✪✪