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Inclusão para os deficientes intelectuais

nstituto Olga Kos empenha-se em colocar deficientes intelectuais no mercado de trabalho

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 19h07 - Publicado em 15 out 2009, 18h16

Em 2004, o empresário do ramo imobiliário Wolf Vel Kos Trambuch se submeteu a uma cirurgia preventiva por causa de frequentes dores na região do coração. Seu peito foi aberto para a colocação de uma ponte de artéria radial e uma mamária. A operação, feita para evitar um possível ataque cardíaco, foi bem-sucedida. Durante a recuperação, porém, ele contraiu uma grave infecção hospitalar, da qual só se livrou após quase um ano de longas internações. ‘Tive uma segunda chance e decidi ajudar outras pessoas’, lembra Trambuch, que é carioca e vive há 26 anos em São Paulo. A vontade de se engajar em causas sociais se materializou, em 2007, na criação do Instituto Olga Kos, voltado para a inclusão de portadores de deficiências intelectuais como a síndrome de Down através de oficinas de arte e de aulas de caratê e tae kwon do.

A maior conquista da associação – que leva o nome da mulher de Trambuch – veio no mês passado, com a aprovação de doze dos 41 inscritos no primeiro concurso público do país adaptado para pessoas com distúrbios cerebrais. No teste, os candidatos tiveram de responder a questões mais simples do que as normalmente feitas nesse tipo de seleção. Os aprovados irão trabalhar como auxiliares de escritório na sede do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo e ganharão 600 reais mensais. ‘As empresas são obrigadas a reservar parte de seus postos de trabalho para deficientes, mas poucas acreditam que pessoas com Down, por exemplo, possam virar bons funcionários’, lamenta a diretora Maísa Signor, braço direito de Trambuch.

No principal projeto da entidade, jovens e crianças aprendem a manusear tintas e pincéis inspirados pela obra de um artista brasileiro, que também ministra oficinas. O homenageado da edição atual, realizada em dez instituições parceiras, como a Associação para Profissionalização, Orientação e Integração do Excepciona (Apoie), é o pintor Gustavo Rosa. ‘Fiquei fascinado com a facilidade deles para pintar’, conta. No final de cada módulo, a parceria é celebrada com uma exposição de obras dos alunos e do artista convidado. O vernissage é a etapa preferida de Trambuch — o de Rosa e seus 257 alunos está prometido para o dia 24 de novembro, no MuBE. Aficionado por arte, ele amealhou nas últimas décadas cerca de 1 500 peças, entres as quais se destacam uma gravura de Salvador Dali e desenhos de Di Cavalcanti. Avaliada em mais de 5 milhões de reais, a coleção foi doada quase completa para o Instituto Olga Kos. ‘É uma espécie de poupança para nós’, explica Maísa Signor. ‘Quando não conseguimos doações suficientes para tocar nossas atividades, leiloamos alguma peça.’

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