Heaven fecha as portas com festa em que quebradeira foi permitida
Frequentadores puderam subir nos sofás, quebrar copos e até levar pedaços da cortina
O clima era de dançar como se não houvesse amanhã. E não haveria mesmo. No último dia 12, a casa noturna Heaven, nos Jardins, teve sua balada de despedida. Foram sete anos e meio de atividade, com uma pausa de dois anos, em que permaneceu fechada. “Queremos montar outro clube, mais pomposo, neste mesmo espaço”, afirma o sócio Eduardo Cinelli. Na festa batizada de Demolition Night, podia quase tudo. Ao som de black music e hits gringos do pop, jovens bacanas na média dos 20 anos “desciam até o chão”, balançavam as mãos freneticamente e cantavam em coro. Meninas mais animadas tomaram a liberdade de fincar os saltos em cima dos sofás próximos da cabine de som para poder mostrar o rebolado. Alguns dos trinta funcionários tiravam fotos.
No meio da madrugada, o DJ anunciou: “O fumódromo está liberado dentro da Heaven”. Assim que os gritinhos de animação acabaram, vários cigarros começaram a ser acesos. “A prefeitura vai fazer o quê? Fechar a casa?” Canetões hidrocor circulavam pelas mãos dos habitués, que forraram as paredes e os estofados brancos dos camarotes com recadinhos saudosos e divertidos, além de corações e outros desenhos.
Entre os jovens “grafiteiros” estava Natielle Manteufel, de 18 anos. “Fui à festa de encerramento de outras casas e nunca vi nada assim”, contou. “Adorei!” Os copos do bar desapareceram antes mesmo do fim da folia, pois uma turma começou a quebrá-los um a um com os pés. Em instantes, lascas de plástico ficaram espalhadas pelo chão. Após as 4 horas, quem deixasse o clube poderia levar um naco da cortina. A estudante Gabriela Oliva, de 18 anos, foi uma das pessoas que saíram com um pedaço de pano. “Vou guardar na minha caixa de recordações”, disse. “A Heaven vai deixar saudade.” Com custo de entrada de 60 reais para as garotas e 120 para os homens (com consumação), a quebradeira foi acabar só lá pelas 7 da matina.