Galã de ‘Crepúsculo’ não convence em papel dramático
Draminha 'Lembranças' não deve agradar fãs da saga de vampiros e fica entre o ameno e o previsível
Se recusasse o personagem de Edward Cullen na saga ‘Crepúsculo’, o londrino Robert Pattinson talvez estivesse encostado em algum seriado de TV ou atuando como coadjuvante. Mas o papel daquele doce vampiro fez dele realmente um astro e hoje, aos 23 anos, o moço assina seu primeiro longa-metragem como produtor executivo. ‘Lembranças’ pretende explorar um lado, digamos, dramático de Pattinson. No entanto, cerca-se de ladainhas e torna-se arrastado. As fãs certamente vão suspirar e derramar duas ou três lágrimas no fim da sessão. Mas não se deixe enganar: embora bonitinho e esforçado, Pattinson mostra-se cada vez mais ordinário na arte de atuar e truqueiro para fisgar as plateias jovens.
Ambientada na Nova York de 2001, a trama apresenta os conflitos de Tyler (Pattinson). Nascido numa família rica, ele é o estereótipo do rebelde desajustado. Não tem profissão, estuda esporadicamente, fuma e bebe muito e só recebe desprezo do pai (Pierce Brosnan). Há um motivo trágico para isso: na adolescência, o rapaz perdeu o irmão mais velho num acidente. Na outra ponta da história está Ally (Emilie de Ravin), moça ainda abalada pela morte da mãe, assassinada dez anos antes. Tyler possui uma causa torpe para conquistar Ally, mas a brincadeira se transforma em amor de verdade. Se apostasse num drama familiar na linha de ‘Gente como a Gente’ (de 1980, dirigido por Robert Redford), talvez o filme atingisse a carga emocional pretendida. Do jeito que foi feito, entre o ameno e o previsível, não contenta crepusculomaníacos nem o restante da plateia. O estrago, no entanto, não é gigante: os dez minutos finais são invadidos por uma ideia estimulante, original, comovente. Pena que seja tarde demais.