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Gafes e novidades dos casamentos do século XXI

Por Especialistas em boas maneiras e profissionais das alianças apontam os principais dilemas das bodas (e o melhor jeito de contorná-los)
Atualizado em 5 dez 2016, 19h27 - Publicado em 18 set 2009, 20h30

Alguém, por favor, dê uma promoção ao cupido! A julgar pelas estatísticas relacionadas aos casamentos, ele tem feito excelente uso de suas flechas por aqui. Desde o início da década, aumentou 32% a quantidade de uniões registradas nos cartórios da capital. Foram 60 248 em 2006, ano do último levantamento realizado pelo IBGE. Mais gente sobe ao altar na cidade de São Paulo que na maioria dos estados brasileiros. Pioneira do ramo de eventos, a empresária Vera Simão estima que o mercado nacional movimente 8 bilhões de reais anuais. “Quatro vezes o total de 2004”, afirma ela, que na quinta-feira inaugura a sétima edição da feira Casar, com produtos e serviços para bodas. Além de movimentar a economia, esse mundaréu de cerimônias provocou uma revolução nos costumes – dos convites ao jeito de comemorar, muita coisa mudou no mundo da grinalda. “Cada noiva inventa uma moda”, diz a consultora de etiqueta Gloria Kalil. Ela e outros cinco profissionais que entendem do assunto comentam a seguir gafes e novidades dos casórios do século XXI.

• Noiva prevenida vale por duas. Escolha quanto antes o lugar onde quer se casar – igrejas e templos paulistanos são reservados, em média, com um ano de antecedência. Contratar uma organizadora de casamento (ou wedding planner, como dizem alguns afetados) vale a pena para quem não dispõe de tempo livre. Antes de fechar o negócio, pesquise sobre o profissional na internet, consulte outros clientes e peça para ver fotos de eventos promovidos por ele.

• Pode-se encomendar qualquer estilo de convite numa cidade como São Paulo. Aí é que mora o perigo! Chique mesmo é fugir de cortiça, PVC e materiais extravagantes. Vá de papel branco ou bege, com texto simples. O nome dos pais só deve constar quando se trata do primeiro matrimônio dos noivos. Endereçar o convite para “Sr. Fulano de Tal e família” significa que a pessoa pode levar filhos e outros parentes que vivem em sua casa. Para homem e mulher que moram juntos mas não são casados, utilizam-se nome e sobrenome de ambos. Dica do século XXI: para casais gays, envia-se um convite para cada um. “É o mais elegante”, indica a consultora de etiqueta Claudia Matarazzo.

• Quantos convidados? Ih, mas aí a porca torce o rabo… Um casal-padrão, que pensa em reunir parentes e amigos próximos, dificilmente supera a marca de 300 nomes. Em certas camadas da São Paulo do terceiro milênio, no entanto, tornou-se costume fazer festanças nababescas. Além do aspecto social, esses eventos passaram a ter caráter comercial e político. “É como um encontro de negócios, em que o presidente de uma empresa abre sua casa a um governador ou aos amigos executivos”, aponta Vera Simão. “Às vezes, cada membro da família colabora com parte do mailing.” Quando é assim, difícil é haver menos de 1 000 pessoas.

• É preciso fazer mapa com lugares marcados? Em famílias muito tradicionais, sim. De resto, funciona bem misturar ambientes mais e menos formais, como lounge e sala de jantar. “Calculo, no máximo, 40% dos convidados em mesas redondas”, conta Andrea Fasano, do Buffet Fasano, que acomoda os demais em cadeiras e poltronas assinadas por designers. “Assim todos circulam e interagem.”

• Modismo típico dos dias de hoje, casar em praias, fazendas ou resorts deixa alguns convidados confusos quanto ao figurino. Lembre-se: etiqueta é o reinado do bom senso. Ou seja, altar montado na areia não significa chinelão, jeans ou camiseta de malha. Se tiver intimidade com os noivos, consulte-os antes. Para as mulheres, maquiagem leve. Evite saltos-agulha, que podem afundar num gramado ou similar.

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• Não mudou, nem mudará: somente a noiva pode usar branco. Para os homens, marinho e grafite são as cores mais elegantes – preto, não, por ser sério demais para a ocasião. Existe somente uma regra para madrinhas: seguir modelos e tons combinados previamente com a dona da festa.

• Até duas décadas atrás, mais ou menos, os chiques subiam ao altar em dias de semana. “Hoje, vale qualquer dia ou mês”, afirma Gloria Kalil. Ah, sim! Maio perdeu o título de mês das noivas. Segundo o IBGE, 7 608 bodas foram realizadas em dezembro de 2006, contra 4 653 do antigo mês preferido dos pombinhos. “Muita gente aproveita a proximidade das férias”, comenta Carla Fiani, da Wedding & Co., responsável por casórios concorridos como o da cantora Wanessa Camargo. Agosto, comumente associado a má sorte, ficou na lanterninha, com 3 005 uniões.

• Não encare a cerimônia religiosa como obrigação ou protocolo. O excesso de irreverência num templo está entre as gafes mais feias – e, infelizmente, comuns. “Fico constrangida com altar cheio demais, música popular em igreja e casais que querem adaptar um rito religioso ao seu gosto”, critica Vera Simão. Por falar em lotação esgotada, ela recomenda: “Três casais de padrinhos é o limite”.

• A concorrência entre fornecedores tem criado serviços inusitados para os paulistanos. Distribuidoras de bebidas, já é praxe, trabalham com um sistema de consignação – o cliente paga somente pelas garrafas que gelar. Como os preços são parecidos, algumas empresas oferecem um sommelier, sem custo extra, para apontar que marcas e rótulos melhor combinam com o cardápio.

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• Não faz muito tempo, fotógrafo de casamento seguia a linha exército de um homem só. Hoje divide a missão, em geral, com outros dois profissionais – e em alguns casos com equipes de vídeo. Os tradicionais álbuns de couro continuam em alta, mas há opções como o chamado fotolivro, uma encadernação de luxo com imagens do evento. A moda atualmente é registrar não só cerimônia e festa, mas o making of do Dia da Noiva e bastidores da comemoração. Aos adeptos de câmeras digitais, vale avisar: não sai mais barato do que filme. “O tratamento das imagens torna os preços praticamente iguais”, explica Alice Lima, escalada para clicar enlaces de famílias milionárias como Safra e Ermírio de Moraes.

• Famílias abastadas, vira e mexe, abrem mão de presentes. Pedem doações em dinheiro para instituições beneficentes. E aí, como eles vão saber que você fez uma generosa contribuição? O ato mais nobre, aqui, seria optar pelo anonimato. Mas não há problema em escrever seu nome no envelope que entregar à entidade assistencial. O mais comum é que os noivos recebam uma relação com todos os que colaboraram – nem sempre discriminando a quantia. “Alguns emitem recibo que permite abatimento do imposto de renda”, afirma Carla Fiani.

Tecnologia que incomoda

Cauda, véu, penteado, maquiagem, grinalda, buquê, salto alto… Parecer maravilhosa e lidar com essa lista gigante de detalhes já deixa qualquer noiva tensa na caminhada rumo ao altar. Imagine, então, com uma saraivada extra de flashes! “Deixe os fotógrafos contratados pelo anfitrião cuidar dos cliques”, aconselha Claudia Matarazzo. Quem tem aversão a fotos, sinta-se à vontade para enviar um aviso de que celulares com câmera e máquinas digitais não serão bem-vindos em seu evento. Mas providencie um guarda-volumes logo na entrada, para os esquecidinhos.

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Atenção às faixas etárias

Muitos casamentos viraram sinônimo de balada que não termina antes de o sol raiar. Quem tem bala na agulha contrata DJs e artistas famosos para embalar o arrasta-pé. Nada de errado, claro. Mas tome o cuidado de programar cada atração da noite pensando nos ânimos de seus pais, tios e avós – são pessoas que viram os noivos crescer e, só por isso, merecem consideração. “É muito chato quando forçam os mais velhos a se abrigar num cantinho”, diz Gloria Kalil. Aposte em música ambiente na chegada e libere o agito depois das 2 horas, horário em que as luzes também podem ser diminuídas em intensidade inversamente proporcional ao volume das caixas de som.

Noiva ou barraca de flores?

Hoje em dia são comuns vestidos que, décadas atrás, deixariam qualquer mulher malfalada na vizinhança. Modelitos um pouco mais sexy, de alcinha, bem acinturados – e até tomara-que-caia – fazem sucesso. Muitas noivas trocam o véu por uma jóia de família. “Essa moda começou lá fora com a Lady Di”, lembra Vera Simão. “Aqui chegou somente na década de 90.” Apesar dessas mudanças, o buquê elegante mantém a principal característica de antigamente: é discreto e pequeno. Além de pesados, arranjos muito grandes fazem a noiva sumir – última coisa que poderia acontecer numa ocasião como essa.

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Por favor, pague minha lua-de-mel

Especialistas em etiqueta ficam de cabelo em pé quando se trata de uma novidade dos últimos anos: há noivos que, em vez de presentes, pedem dinheiro para financiar a lua-de-mel. A explicação desses casais é que, como moravam sozinhos ou juntos antes de oficializar a união, já compraram todos os móveis e artigos para o lar. “Compreendo o argumento, mas nunca vai ser elegante”, opina Claudia Matarazzo. Gloria Kalil concorda: “Equivale a cobrar ingresso dos convidados”, afirma. Ela é implacável, aliás: “Se recebesse um convite assim, nem apareceria na igreja”. Na feira Casar, de Vera Simão, haverá uma agência de turismo especializada em criar pacotes para os recém-casados – dividido em cotas, que são vendidas para os amigos e familiares. “Hoje já se usa muito”, admite Vera. Sinal de que essa polêmica ainda vai render…

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