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Festa de estudantes da PUC é acusada de racismo

Após polêmicas nas redes sociais, atlética do curso de Direito decidiu mudar nome do evento 

Por Veja São Paulo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h19 - Publicado em 24 fev 2016, 16h58
PUC - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Divulgação/)
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Uma tradicional festa organizada por estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi acusada de promover o racismo. 

Marcada para o dia 4 de março, a “Alphorria” recebeu críticas nas redes sociais devido ao seu nome, que faz referência à libertação dos escravos. O evento, organizado pela Associação Acadêmica Atlética 22 de Agosto, marca o que os veteranos consideram a “alforria” dos novatos. 

alforria 7 capa
alforria 7 capa ()

Após serem acusados de racismo, estudantes da universidade decidiram mudar o nome de uma festa, marcada para o dia 4 de março. Mais de 2 100 pessoas confirmaram presença. O novo nome ainda não foi divulgado.

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A Associação Atlética liberou uma nota anunciando a alteração do nome na tarde desta quarta-feira (24) e informou que não tinha intenção de “recriminar qualquer indivíduo em relação a sua cor de pele”. Eles receberam o apoio de diversos alunos.

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Anteriomente, a página vinha recebendo mensagens acusando a organização de racismo. Em resposta, algumas pessoas criticaram, considerando as reclamações desnecessárias. 

Simone Nascimento, de 23 anos, estudante da universidade e integrante do NegraSô – Coletivo de Negras e Negros da PUC SP, disse que o nome da festa é repudiado pelo grupo. A jovem também destaca a falta de negros em universidades particulares e públicas. “Estou prestes a me formar, sou bolsista e nunca tive aula com professor negro”, disse. “A juventude negra morre com a violência e com as políticas de exclusão e não consegue chegar às universidades.” 

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Ela também ressalta que encontra na PUC-SP outras manifestações racistas. Simone contou que, antes do coletivo ser formado, em 2014, foi feita uma ação com cartazes que questionavam “Onde estão os negros da PUC?”. “Um dia fui ao banheiro e encontrei uma pichação na porta que fazia o mesmo questionamento, provavelmente feito por algum aluno, porém, ao lado, havia xingamentos”, disse. Ela mostrou a foto que ela tirou a reportagem de VEJA SÃO PAULO.  

“No ano passado, picharam “Morte aos Negros” na porta do Centro Acadêmico de Serviço Social ”, disse.

Por meio da assessoria de imprensa, a PUC SP informou que não tem envolvimento e controle das festas que ocorrem fora do campus e ressalta que se algum aluno se sentir discriminado sobre algo, pode comunicar a universidade que será aberta uma sindicância para apurar os acontecimentos. Sobre as pichações, a assessoria informou que elas foram apagadas assim que a universidade tomou conhecimento dos casos, porém, não foram identificados os autores.

pichos
pichos ()

Confira a nota da Associação, na íntegra:

CARTA ABERTA DA ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA ACADÊMICA 22 DE AGOSTO

Nessa semana, o evento conhecido como “Alphorria” foi alvo de inúmeras críticas e postagens em um debate promovido pelo Centro Acadêmico, em que problemas a respeito do nome foram levantados, tendo em vista o cunho racista do qual o termo se reveste. Em razão do cenário atual em que o debate acabou se desdobrando, a Associação Atlética Acadêmica 22 de Agosto se viu na necessidade e obrigação de se manifestar sobre o tema, tendo em vista agora possuir a força de representação discente que alcança a todos os alunos da Faculdade Paulista de Direito da PUC.

Inicialmente, cabe a exposição de uma breve história da nossa entidade, criada em 1948 com o intuito de representar e gerir o corpo de atletas que entram em campo para defender a bandeira da faculdade, para o qual existimos e encontramos a razão de existir. Entretanto, a Atlética não conta, desde a sua criação, com o repasse da mensalidade dos alunos estudantes, sendo este valor remetido ao Centro Acadêmico, a priori.

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Nesse contexto, tendo por obrigação maior auxiliar os times em seus treinos, técnicos, material esportivo e campeonatos, a Atlética tornou-se pioneira na organização de eventos que viabilizassem o fomento do esporte no terreno anteriormente árido da Faculdade. Sem adentrar nesse aspecto, esse foi o cenário de criação para a Habeas Bixos, posteriormente renomeada como “Alphorria”. Tal evento com tal nome, à época de sua criação, buscava trazer a ideia de libertação daqueles que estavam ingressando no meio universitário da antiga vida acadêmica, que marcaria, assim, a reviravolta de pensamentos e posturas daqueles que assumem o “Pontifícia” em sua formação.

Todavia, os tempos mudam e, com eles, novas posturas são exigidas, novos pensamentos são provocados, novas questões são debatidas. E a AAA 22 de Agosto vem ao longo de sua existência, firmada em prol do bem estar dos seus atletas, ingressar nos trilhos rumo a esse novo horizonte de postura crítica inerente a essa nova época que se avizinha no futuro.

À luz do debate percebido ao longo desses dias, ainda que em um primeiro momento tenha ocorrido de forma tangencial à Atlética que não foi convidada a preencher as colunas de discussão, cabe a afirmação, definitiva e categórica, que a nossa entidade abomina, repudia e condena qualquer forma de opressão, preconceito e discriminação que mancha a livre manifestação e convívio estudantil no cenário universitário em que se encontra, bem como aqueles que extrapolam o cotidiano ao qual se dedica.

A Atlética jamais intentou, com a divulgação da festa conhecida como “Alphorria” , recriminar qualquer indivíduo em relação à sua cor de pele ou criar e manter qualquer desconforto que impeça qualquer um de se sentir livre e confortável nos eventos que proporcionamos a nossa amada Faculdade. Importante ressaltar, com essa postura provocada, que todos os integrantes da Gestão debateram a questão e revisitaram conceitos que anteriormente passavam à paisana do senso crítico. E que com isso, convergimos sob uma única ótica de que não podemos dar espaço de voz para situações que fomentem o racismo ou crie qualquer situação dessa natureza.

Sendo esse o posicionamento da nossa AAA, que esse ano busca uma representação de todos os alunos e uni-los aos nossos atletas sob a bandeira comum do esporte e integração, decidimos por manter a festa, mas mudar seu título sob esse novo cenário pincelado e convidamos a todos, caloures e veteranes da Pontifícia se juntar a nós sob essa nova perspectiva.

Sendo esse o caminho natural já traçado pela Atlética, que endossou atitudes que repudiam a opressão cotidiana no meio universitário, como a extinção do uso da figura feminina sexualizada em divulgações diversas, a equiparação de preços dos ingressos sem distinção de sexo, estamos confiantes de que essa medida que tomamos é mais um passo que tomamos rumo a um cenário que possamos, a um só tempo, continuar representando nossa vasta gama de atletas e estender um novo braço àqueles que coadunam das nossas ideias.

Em breve novas informações no Evento!

Atenciosamente,

Julia Castorino Lopes, Presidente e Gestão 2016

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