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Acabamentos e acessórios para criar um carro único

Com o programa Tailor-Made, a Ferrari permite ao comprador brincar de designer da Pinifarina, escolhendo acabamentos e acessórios para criar um carro único

Por Adriana Marmo, de Maranello
Atualizado em 1 jun 2017, 18h10 - Publicado em 11 ago 2012, 01h00
ferrari rossellini
ferrari rossellini (Divulgação/)
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Um abismo separa um terno comprado pronto em uma loja Armani, Versace ou Ermenegildo Zegna de um modelo feito pelas mesmas grifes, mas por encomenda. Ambos são confeccionados com material de qualidade absoluta, têm acabamento e caimento impecáveis e são assinados por nomes de fama planetária. Uma roupa sob medida, porém, é única. É esse o conceito do Tailor-Made que a Ferrari implantou em dezembro. Exclusividade sempre foi uma marca da montadora de Maranello, na Itália. Afinal, 98% dos 7 195 carros que deixaram a linha de produção no ano passado tinham ao menos um item escolhido pelo cliente.

O programa de personalização total, que tem o herdeiro do grupo Fiat Lapo Elkann como um dos idealizadores, vai além disso. É a alta-costura automobilística. Neste ano, trinta clientes poderão escolher todos os acabamentos e acessórios da sua Ferrari, da cor da carroceria ao tapete. Tudo mesmo. E pagar no mínimo cinco vezes a mais em relação ao preço de um modelo de linha. Ou seja, um valor que pode começar a partir de 1,5 milhão de euros, de acordo, é claro, com as escolhas. Os materiais disponíveis para o programa são exclusivos. “Levamos mais de dois anos para estruturar o Tailor-Made, e a busca pelos itens utilizados tem toques de investigação”, explica Flavio Manzoni, diretor do centro de estilo da Ferrari e responsável pelo programa. Segundo ele, para chegar, por exemplo, aos tons exatos do bicolor de azul e verde que pintou o modelo 166 MM Agnelli, de 1950, foi necessário primeiro descobrir o paradeiro do carroceiro responsável pelas 166 MM, lançadas em 1948. Meses depois, o tal funcionário foi encontrado na Califórnia, nos Estados Unidos. Com a fórmula em mãos, Manzoni iniciou o processo de adicionar tecnologia à receita. “Queremos nos lembrar do nosso passado, mas com o que existe de mais moderno. Aqui não fabricamos carros, mas sonhos”, diz ele.

Assim como na moda, as opções de personalização foram divididas em três coleções. Na Classica, que tem inspiração no passado mais elegante da marca, prevalecem tecidos como lã, veludo em estampas tradicionais e acabamentos feitos de madeira e metais cromados. O destaque é o cashmere, o mesmo fio de lã utilizado para tecer malhas leves e macias que aquecem no inverno e refrescam no verão. Por ser extremamente delicado, depois de anos de pesquisa, o grupo de estilo da Ferrari, ao lado de fornecedores mantidos sob sigilo, conseguiu desenvolver um produto resistente a ponto de ser usado como tapete ou revestimento de teto, mantendo a mesma maciez e suavidade sentidas na pele.

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A Scuderia remete ao universo da Fórmula 1, à origem da “rossa”, e as opções disponíveis são aquelas que lembram os carros de competição. O pecaru, por exemplo, um couro de porco, foi trabalhado de maneira a formar atrito entre o corpo do motorista e o banco, evitando, assim, o deslize durante curvas e retas em alta velocidade. Sem perder a suavidade, no entanto. A fibra de carbono e sua leveza tão proclamada são a vedete desta coleção, assim como os acabamentos em matelassê (costuras em forma de losango), utilizados nos antigos carros de F1 e no macacão dos pilotos. A coleção preferida de Lapo Elkann, no entanto, é a Inedita, em que tudo é possível — desde que haja bom gosto. Do couro verde-limão ao jeans, com o qual ele mesmo customizou uma California como um dos primeiros exemplares do Tailor-Made. Nesse caso, foi preciso, de certa forma, reinventar o tecido. Afinal, não cabe em um carro que carrega o “cavallino rampante” um banco desbotado, esgarçado ou que manche a roupa de quem dirige.

ferrari jeans
ferrari jeans ()

Quem não estiver contente com as opções oferecidas poderá chegar com uma ideia na cabeça. A equipe de estilo da montadora tem a missão de transformar o sonho em carro. Só não valem os exageros. A regra é clara: nenhum automóvel deixa o portão do número 4 da Via Abetone descaracterizado. “Não teremos uma Ferrari cor-de-rosa, por exemplo”, garante Manzoni, que também é a pessoa que desenha as Ferraris que ganharão as ruas nos próximos anos. Para evitar problemas com gostos duvidosos ou ideias que transformem um modelo em uma Las Vegas sobre rodas, cada cliente é assistido por um estilista da marca, que, com um iPad nas mãos, vai sugerindo as melhores opções de configuração. Para receber a seleta clientela, a Ferrari criou uma sala, a Tailor-Made Styling Center. Não fosse a FF estacionada bem no centro dela, seria um autêntico ateliê de costura com moldes pendurados na parede, retalhos de tecido, cartela de cores e sugestões de acabamento à mostra. Até agora, cinco pessoas no mundo esperam as máquinas pedidas em dezembro. A Ferrari está aceitando encomendas, sim, mas avisa que o tempo mínimo de entrega são doze meses. Vai da pressa de cada um.

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