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Férias Paulistanas

Sempre que posso passo as férias de verão em São Paulo mesmo. É um comportamento excêntrico, reconheço. Talvez seja o traço mais exótico da minha personalidade. Antes do Natal é possível encontrar quem acredita ser racional e demonstra vontade de permanecer na capital sem sair daqui até depois do Ano-Novo. Quando respondo à inevitável pergunta […]

Por Matthew Shirts
Atualizado em 5 dez 2016, 15h20 - Publicado em 10 jan 2014, 16h00
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  • Sempre que posso passo as férias de verão em São Paulo mesmo. É um comportamento excêntrico, reconheço. Talvez seja o traço mais exótico da minha personalidade.

    Antes do Natal é possível encontrar quem acredita ser racional e demonstra vontade de permanecer na capital sem sair daqui até depois do Ano-Novo. Quando respondo à inevitável pergunta sobre o meu destino nos feriados, muitos mostram compreensão e solidariedade, até. “São Paulo sem trânsito é uma delícia”, afirmam, como se conhecessem a cidade nesse estado. “O metrô, então, nem se fala.” Continuam a listar as vantagens. Entre elas estão sempre o acesso fácil a restaurantes e bares, as vagas para estacionar e outras delícias de uma densidade populacional momentaneamente mais baixa numa metrópole de grande porte.

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    Mas tente ligar para esses mesmos amigos no dia, digamos, 27 ou 28 de dezembro. Nada. Não atendem mais nem o celular. No dia 31, então, não os acho sequer no Twitter. Passar as férias de fim de ano em São Paulo é mesmo para poucos, quase que por definição. A cidade fica vazia. Permanece o calor. Dá uma trepidação existencial. Faltam objetivos e metas. Mas nestes dias de agora tive a sorte de ter comigo o meu caçula, Samuel, de 10 anos (os mais velhos somem do grid). Desconfio que o garoto goste tanto quanto eu de ficar aqui. Vamos ao cinema. Jogamos futebol na quadrinha da Sumaré. Comemos sushi e hambúrgueres até dizer chega. Andamos muito de metrô, solitários ou quase, apreciando o ar-condicionado no talo.

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    E, como ninguém é de ferro, no dia 30 de dezembro paramos na loja Geek, do Conjunto Nacional, para inspecionar os videogames. Encontramos um produto inesperado. Lembro-me da data porque as férias se transformam a partir dela. Foi quando adquirimos as primeiras seis temporadas do seriado de televisão Big Bang — A Teoria. São 144 episódios.

    Não sei se você conhece o programa. Li, certa feita, que é a comédia de maior audiência na TV paga brasileira. Esse dado me surpreendeu à época. Sua popularidade no mundo me pegou desavisado, aliás. É uma combinação de ciência universitária com piadas idiotas que exige, pensava eu, uma criação americana para apreciar. Mas que nada. Sammy adora.

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    O enredo gira em torno de quatro jovens pesquisadores geniais e suas dificuldades com as mulheres. Apesar da alta tecnologia, há em volta dos personagens uma inocência quase da década de 50. Vai ver que é essa a chave do sucesso.

    Desde o fim do ano passado, Sammy e eu seguimos um regime de uns dez episódios por dia. Sinto um pouco de culpa. Não deveríamos passar as férias diante da TV. Mas eu me consolo com a ideia de que talvez essas abordagens humorísticas da física inspirem meu filho a estudar o assunto. O contrário, ao menos, talvez já tenha acontecido. Circulou na internet o rumor de que Peter Higgs, físico ganhador do Prêmio Nobel, responsável por postular a existência da chamada “partícula de Deus”, teria comprado sua primeira televisão, aos 85 anos, para assistir à Big Bang — A Teoria. Mas o boato ainda não foi confirmado de forma empírica.

    matthew@abril.com.br

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