Falta de medicamentos atinge rede pública em São Paulo
Dados do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do estado mostram que ao menos 43 medicamentos hospitalares estão em falta
Para conseguir comprar o antialérgico para cuidar da filha, a assistente de marketing Ana Carolina Alves, 42, ligou para seis farmácias do bairro onde mora, na Vila Mariana, na Zona Sul. “Estava mais fácil achar uma nota de 200 no meu bolso”, diz. Segundo o gerente de farmácia Maurício Costa, 46 anos, a irregularidade no fornecimento de produtos começou no início deste ano e se acentuou. “Ou está faltando ou o preço aumentou muito”, explica.
Sondagem feita pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo mostrou que 95,52% dos farmacêuticos relataram falta de algum produto, mesmo os mais simples como antibióticos, analgésicos, anti- histamínicos e mucolíticos, muito usados para combater as doenças sazonais de inverno.
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Um levantamento exclusivo feito pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP) a pedido da Vejinha constatou que o problema atinge ao menos 54 municípios paulistas. Dados do dia 5 de julho revelam que dezesseis remédios básicos, tais como amoxicilina, dipirona, cefalexina, ibuprofeno e sertralina, estavam em falta.
Quando a análise é feita levando em conta os medicamentos hospitalares, a lista chega a 43. “Muitas vezes os fornecedores nem se interessam em participar da licitação para a compra dos medicamentos”, afirma Dirce Marques, assessora técnica do conselho. Segundo ela, é preciso pedir ao médico alternativas de substituição da medicação.
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A Secretaria Municipal de Saúde informou que a maior parte dos 273 itens comprados mensalmente está disponível. As faltas se dão a fatores externos recentes, como o fechamento dos portos da China devido ao avanço da Covid-19 e a guerra na Ucrânia, que provocam escassez de matéria-prima.
Norberto Prestes, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos, diz que o país produz apenas 5% da matéria-prima e o cenário externo não é nada animador. “O valor do insumo aumentou 200% e a logística, 300%.” Para o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos, os problemas foram pontuais e se devem à alta da demanda.
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Publicado em VEJA São Paulo de 13 de julho de 2022, edição nº 2797