Organizada por treze galerias — entre elas Fortes Vilaça, Millan e Leme —, a mostra ‘Paralela’, montada sempre no período da Bienal, chega à quinta edição com um mergulho profundo na produção brasileira contemporânea. Quem visitar o enorme galpão do Liceu de Artes e Ofícios, na Luz, terá a chance de conferir trabalhos de 82 artistas escolhidos pelo curador português Paulo Reis. O tema um tanto vago (‘A contemplação do mundo’) pode prejudicar a unidade conceitual da coletiva, mas há muita coisa a apreciar. É o caso de figuras tarimbadas como a carioca Adriana Varejão, que volta ao universo dos pratos e mares em ‘Olho d’Água’, e o grupo Chelpa Ferro, presente com a instalação ‘Acusma’, formada por vasos de cerâmica com alto-falantes espalhados pelo chão. Marepe, Sandra Cinto, Marcia de Moraes, osgemeos e vários outros integram a seleção. “Preferi não repetir ninguém da escalação da Bienal para deixar mais gente em exibição na cidade”, explica o curador.
A surpresa da exposição, no entanto, é perceber a alta qualidade das pinturas atuais. Jovens revelações, a exemplo de Rodrigo Bivar e Marcelo Amorim, comprovam a sobrevivência da figuração, enquanto Marina Rheingantz e Bruno Dunley operam quase no limite da abstração. “Foi muito agradável descobrir tantos talentos com pincel na mão, debruçados no ateliê sobre um suporte tão antigo, dispostos a estudar as técnicas pictóricas e renová-las”, diz Paulo Reis.
AVALIAÇÃO ✪✪✪