Presentes como passeios de helicóptero e aulas de arco e flecha fazem sucesso
Mimos que não podem ser embrulhados ficam gravados na memória como experiência
Na hora de comprar um presente, é comum surgir a dúvida: como sair da mesmice e não errar na escolha? Para uma parcela dos paulistanos, a resposta é recorrer a empresas especializadas em vender mimos que não podem ser embrulhados, como passeios de helicóptero, tratamentos em spas e aulas de arco e flecha. Vendidas em sites ou livrarias, as experiências custam em média de 50 a 600 reais. O presenteado recebe um livreto que lista cerca de vinte opções de programa e escolhe um. Os agendamentos são feitos pela internet ou por telefone. Há kits tanto para aventureiros como para sedentários ferrenhos.
“Agrados desse tipo ficam guardados na memória por muito tempo”, afirma o português António Quina, fundador do A Vida É Bela, um dos maiores empreendimentos do gênero. Com escritórios em Portugal e na Espanha, a companhia montou uma filial no Brasil em novembro de 2009. Mais de 6 000 kits já foram vendidos por aqui, metade deles no estado. A expectativa de faturamento da empresa no país em 2010 é de 2 milhões de reais — e de quase 60 milhões de euros na Europa.
A concorrente Viva! Experiências, criada pelos gêmeos paulistanos Daniel e Andre Susskind em outubro do ano passado, atua apenas em São Paulo. A dupla investiu 1 milhão de reais para abrir o negócio e deverá faturar o triplo desse valor até dezembro. “Vamos comercializar em torno de 10 000 programas no último trimestre deste ano, contra 2 000 em 2009”, conta Andre Susskind, que apostou em opções menos luxuosas, como degustação de doces no café Maria Brigadeiro, em Pinheiros (99 reais, para duas pessoas), e aulas para aprender a fazer drinques (149 reais, para duas pessoas). “Queremos incentivar as pessoas a sair da rotina”, diz Susskind.
A companhia Immaginare negocia divertimentos inusitados no estado desde 2006 — e poderá embolsar 6 milhões de reais em 2010. “No mundo de hoje, sensações fora do comum são cada vez mais valorizadas”, filosofa o empresário Edgar Werblowsky, o fundador. “Grandes grupos, que buscam premiar funcionários e parceiros de maneira marcante, são nossos principais clientes”, completa ele.
A oftalmologista Marina Bacal conheceu a novidade em novembro. Ela ganhou do namorado, o cirurgião plástico Denis Oksman, um kit que dava direito a um menu degustação, e se decidiu pelo restaurante Ping Pong, no Itaim Bibi, especializado em dim sum, um petisco chinês preparado de diversas maneiras. O jantar foi motivado pelo aniversário de quatro anos de namoro do casal. “Como ele não costuma acertar nos presentes, achei a ideia excelente”, provoca Marina.
Para os estabelecimentos conveniados, é um ótimo negócio — as empresas responsáveis pela venda das atividades ficam com cerca de 40% do valor cobrado. “Trata-se de uma ótima estratégia de marketing”, afirma Eduardo Passarelli, proprietário do bar Melograno, na Vila Madalena. A casa promove uma degustação de quatro rótulos de cervejas importadas, harmonizadas com acepipes da casa, por 99 reais (para até quatro pessoas). “Pelo menos dez novos clientes nos procuram por meio dessa promoção a cada semana”, conta Passarelli.