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Esmola rende 200 reais por dia a pedinte em Cumbica

Homem carrega carrinho com malas para fingir ser passageiro e driblar a fiscalização do aeroporto

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 dez 2017, 10h39

O primeiro chamado é discreto. “Moço”, fala baixinho. Se a atenção não vem, repete mais alto. “Moço! Me dá uma ajuda, pelo amor de Deus?!”, diz o homem, a expressão aflita, os braços abertos como se estivesse perdido.

Ele está no saguão do Terminal 2 de Cumbica, é perto do meio-dia. De camisa social, calça jeans e o cabelo curto, é aparentemente um passageiro. Empurra um carrinho com três malas – uma criança, não mais do que quatro anos, está sentada sobre elas. Na sua cola, uma mulher carrega outra menininha, ainda menor.

À reportagem, o homem confessa que se trata de encenação para conseguir dinheiro. O carrinho, as malas, a roupa em bom estado, tudo foi pensado para ser uma espécie de disfarce. Serve para que a família se misture ao público do aeroporto e ainda drible os vigias. “Ou então não me deixam circular”, diz ele. “E se eu falar que estou desempregado, ninguém me ajuda.”

Aos passageiros, conta que acabou de chegar de viagem e está sem dinheiro. “Estou tentando voltar para Campinas”, repete. Mesmo sem entrar em detalhes, convence muitos. “Por dia, dá para tirar uns 200 reais.”

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“Você quer saber a real mesmo, né? Sou de Salvador, estou aqui em São Paulo faz quatro meses”, o homem começa. “Um pessoal da família me arrumou um emprego, mas o trabalho acabou. O aluguel é caro, fora cinco filhos e os netos. Aí, tem de pedir, né?”, justifica. “A verdade é essa. Só não dou meu nome por que, aí, complica pro meu lado. ‘É nóis’. Fica com Deus.”

Procurada, a GRU Airport, concessionária responsável pelo aeroporto de Cumbica, diz fazer operações, com apoio da Polícia Militar. Também são realizadas campanhas para coibir o trabalho infantil.

Segundo a empresa, o contrato de concessão prevê que a companhia seja responsável pela “posse, guarda, manutenção e vigilância de todos os bens integrantes do aeroporto”. Qualquer atividade econômica no local depende de consentimento prévio da empresa. Nas operações, a concessionária apreende os produtos e o dono tem 30 dias para comprovar que adquiriu legalmente os bens e retirá-los.

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A Polícia Civil afirma que o aumento de pedintes e ambulantes não leva, necessariamente, à alta de crimes. “Na verdade, as ocorrências caíram neste ano”, afirma o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas.

Até outubro, foram 801 furtos e 23 roubos registrados na delegacia do aeroporto. Já no ano passado, os índices eram de 849 e 39, respectivamente.

As informações são do Estadão Conteúdo. 

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