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Bolsonaro e sua equipe viram tema de marchinhas de Carnaval

Conheça os blocos que criticam e os que elogiam o presidente

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 fev 2019, 10h31 - Publicado em 10 fev 2019, 10h28

Este é o primeiro Carnaval da era bolsonarista, tá ok? A questão do viés ideológico, tantas vezes citada pelo presidente, estará presente (e onipresente) na folia dos blocos, escolas de samba, fantasias e marchinhas. “É bom Jair arrumar uma desculpa/ Por que o major já conversou com coronel/ E o general já decretou/ Se tiver outro escarcéu/ O capitão vai ser expulso do quartel”, cantam os Marcheiros, em uma das mais de dez composições do grupo inspiradas no atual governo.

Desde o império, o Carnaval se alimenta da crônica política e seus personagens. Mais recentemente, os ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff foram os alvos preferenciais. No auge da Operação Lava Jato o “Japonês da Federal” e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes se transformaram nos mais retratáveis da festa. Não seria diferente com o próprio Bolsonaro e sua trupe, como os filhos, a ministra Damares Alves (pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos), o motorista Fabrício Queiroz e tantos outros.

Nas lojas de fantasia do centro de São Paulo, máscaras de Bolsonaro, de Sérgio Moro, ministro da Justiça, e a da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estão entre as mais procuradas. Fantasias ou adere��os que remetem ao universo militar também estão em alta – mas nada, nada mesmo, tem superado o frenesi por peças azuis e rosas.

“Meninas vestem rosa e meninos vestem azul”, frase de Damares ao assumir o ministério, transformou-se em uma espécie de mote invertido do Carnaval. “Como somos muito formais, vamos respeitar as designações de cor mais adequadas ao “dresscode atual”: rosa para meninos e azul para meninas. Todo o resto de vermelho, obviamente”, disse Yumi Sakete, diretora do bloco Ritaleena.

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Além de reverenciada (ironicamente, claro) em vários blocos, a ministra Damares é, praticamente, a inspiradora da música recém-lançada por Daniela Mercury e Caetano Veloso, a Proibido Carnaval. Na letra, os autores perguntam se o folião “vai de rosa ou de azul”, pedem “para abrir a porta desse armário” e sentenciam que “está proibido o Carnaval nesse País tropical”. A música é dedicada ao ex-deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), que deixou o país após ameaças de morte.

No pré-carnaval, a escola de samba paulistana Rosas de Ouro ainda promoveu uma festa em que as meninas vestiam azul e os meninos rosa (que também são as cores da agremiação).

O Acadêmicos do Baixo Augusta vai reforçar o caráter político. O tema será Que País é Esse. Não à toa, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, da Legião Urbana, estarão no trio defendendo a música da banda que inspirou o bloco. “A irreverência do Carnaval não deixa passar nenhum governo. Está no DNA da folia. Ainda mais agora, em um governo que pretende ter tanta ingerência no espaço do indivíduo”, diz Leo Madeira, fundador do Baixo Augusta. Outro bloco, a Espetacular Charanga do França tem usado as frases “não deixe o fascismo ditar as regras” e “não deixe o fascismo controlar seu corpo” em seu material nas redes sociais.

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Mas nem só de bloco contra o governo é feito o Carnaval. Em Pernambuco, o grupo Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos vai sair com o Eu vim de graça (provocação a manifestantes petistas). Além disso, Bolsonaro, a primeira-dama e Moro estão entre os homenageados dos tradicionais bonecões de Olinda. “O que ainda não sei é se vamos sair com eles (esses bonecões) pelas ruas de Olinda. Tem muita gente de esquerda no Carnaval da cidade. Quero evitar qualquer tipo de correria e confusão. O bonecão do Bolsonaro, provavelmente, só sairá em Recife”, diz Leandro Castro, responsável pelos bonecos.

Já o Bloco Soviético, sucesso na folia de rua paulistana, chegou ao fim. O grupo, que fazia graça com a política e se intitulava comunista, considerou arriscado sair este ano. Em janeiro, disseram nas redes sociais que um desfile, “mesmo que clandestinamente, atrairia atenções sem espírito carnavalesco, colocando em risco físico integrantes e foliões, o que seria uma temeridade e, no limite, irresponsabilidade”.

A escola Águia de Ouro também experimentou um pouco do risco da politização. Em ensaio técnico na semana passada, um membro da escola desfilou vestido do ditador Adolf Hitler e fez gestos que remetiam a Bolsonaro (como o da arminha com a mão). Tão logo a imagem se espalhou na internet, a agremiação se apressou em dizer que não há nada em seu enredo nesse tom. A assessoria de imprensa da escola responsabilizou o integrante, que foi banido do desfile. Ele não foi encontrado pelo Estado para comentar.

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POR ESTADÃO CONTEÚDO

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