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Enchentes – quais as causas e como previni-las

Paulistanos tiveram de conviver, na terça-feira, com congestionamentos, trrios ansbordando e aeroportos parados. As causas: investimento insuficiente, além de muita chuva. Entenda o que houve e o que precisa ser feito

Por Maria Paola de Salvo e Sara Duarte | Colaborou Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 dez 2016, 19h09 - Publicado em 25 set 2009, 16h15

Rios – Tanto o Tietê quanto o Pinheiros não conseguiram dar vazão à tempestade e transbordaram. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), caíram 70 milímetros de água na cidade inteira entre 8 e 17 horas, volume altíssimo para esta época do ano. “Choveu ao mesmo tempo em todas as sub-bacias que correm para o Tietê, tais como as do Rio Tamanduateí e do Ribeirão dos Couros”, afirma o hidrólogo Mario Thadeu Leme de Barros, professor da Escola Politécnica da USP.

O que precisa ser feito: acelerar a construção de piscinões, especialmente nas regiões do Tamanduateí e Aricanduva. Dos 18,4 milhões de reais previstos para essas obras no orçamento do município deste ano, apenas 1,3 milhão (7%) havia sido empenhado até o último dia 4. Somente 42 dos 100 reservatórios previstos no Plano Diretor de Macrodrenagem da Região Metropolitana estão prontos.

Trânsito – Semáforos apagados e 119 pontos de alagamento causaram congestionamentos que duraram o dia inteiro. O pico de lentidão foi de 160 quilômetros, às 19 horas. Na Marginal Pinheiros, às 15 horas, 20 dos 22,5 quilômetros foram tomados por carros. A Marginal Tietê chegou a ficar com 20 de seus 24,5 quilômetros entupidos. O lixo acumulado nas ruas é, segundo especialistas, uma das explicações para que tantos pontos ficassem debaixo d’água. No mês passado, a prefeitura anunciou um corte de 25% na verba destinada neste ano à coleta seletiva, varrição e limpeza urbana. Os resultados do aperto são sentidos. “Ruas que antes eram varridas três vezes ao dia agora são varridas duas”, reconhece Soninha Francine, subprefeita da Lapa.

O que precisa ser feito: a prefeitura deveria investir nas operações de cata-bagulho e na limpeza, reforma e ampliação dos 2 850 quilômetros de galerias pluviais – atualmente, mais de 660 quilômetros deixam de ser limpos por ano. A CET pode fazer sua parte equipando com um sistema eficiente de proteção contra descargas elétricas os cruzamentos semaforizados que ainda não contam com o mecanismo (2 500 dos 5 918 existentes). A companhia poderia ampliar os 61 pontos críticos monitorados durante as tempestades.

Desmoronamentos – Segundo o Corpo de Bombeiros, em toda a cidade ocorreram quinze desmoronamentos e 23 desabamentos de muros. Cerca de 120 pessoas ficaram ilhadas e tiveram de ser resgatadas em botes. Duas crianças morreram numa favela em Itaquera. Em diversas regiões, 56 pessoas perderam a casa e outras 524 precisaram deixar temporariamente sua residência. A ocupação irregular de áreas à beira de córregos e loteamentos em zonas com risco de erosão é o principal motivo dos desmoronamentos.

O que precisa ser feito: elaborar um programa para remover pessoas que moram em áreas de risco e combater a ocupação irregular de terrenos à beira de córregos e rios.

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Pane elétrica – Um raio numa subestação da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), em Pirituba, às 11h02, deixou 313 000 paulistanos sem luz por cerca de quarenta minutos. Os blecautes durante tempestades ocorrem, principalmente, porque São Paulo tem uma rede de energia aérea, ou seja, mais sujeita a descargas atmosféricas, ventos fortes e queda de galhos. Três árvores que caíram provocaram cortes de energia no Itaim, Ipiranga e Vila Mariana. Para complicar, os alagamentos dificultam a chegada das equipes da Eletropaulo às regiões com problemas.

O que precisa ser feito: instalar redes elétricas subterrâneas, mais imunes à ação climática, como ocorre em parte das ruas Oscar Freire e Augusta. “A tecnologia é do início do século XX, e cidades como Nova York já a utilizam há algum tempo”, afirma o engenheiro eletricista José Aquiles Baesso Grimoni, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP. “Há oito anos, temos rede subterrânea na Cidade Universitária e, desde então, raramente registramos panes.” Uma rede subterrânea custa de sete a dez vezes mais que a rede convencional, de acordo com a Eletropaulo.

Telefonia – A pane na telefonia fixa prejudicou 4 milhões de assinantes da Telefônica e tornou inoperantes os telefones de emergência 190 (polícia) e 193 (bombeiros). Segundo a Polícia Militar, a principal interrupção durou das 10h50 às 12h10. Também houve falhas momentâneas ao longo da tarde. No total, a corporação acredita ter deixado de receber mais de 9 000 chamadas. De acordo com a Telefônica, a interrupção dos serviços foi provocada por danos aos equipamentos de sinalização de chamadas fornecidos por uma prestadora. Raios teriam afetado três estações responsáveis por orientar as chamadas telefônicas na Grande São Paulo.

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O que precisa ser feito: enquanto a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) investiga a falha e decide se vai aplicar multas à Telefônica, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros estudam pedir a criação de uma rede de suporte exclusiva para os serviços 190 e 193.

 

Aeroportos – Mais da metade dos voos previstos para Congonhas (que ficou fechado por uma hora e quinze minutos) e Guarulhos atrasou. Aeronaves desviadas para Viracopos, Santos Dumont e Galeão não encontravam espaço para pousar.

O que precisa ser feito: “É emergencial aumentar os pontos de estacionamento de Congonhas, Guarulhos e Viracopos”, afirma o comandante Ronaldo Jenkins, especialista em segurança de voo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). “Não adianta esperar até a Copa de 2014 para começar as obras.” O Aeroporto de Guarulhos promete investir 1,6 bilhão de reais na construção do terceiro terminal, que ganhará mais 44 vagas para as aeronaves em solo nos próximos cinco anos. Já a ampliação de Viracopos, orçada em 6,4 bilhões de reais, só deve ficar pronta em 2015.

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Os efeitos da tempestade

Na última terça, caíram 70 milímetros de chuvas em todas as regiões da cidade, entre 8h e 17h. Nesse período, houve:

– 119 pontos de alagamento

– 46 quedas de árvores

– 15 desmoronamentos de encostas

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– 23 desabamentos de muros

– 120 pessoas ilhadas

Fontes: Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Companhia de Engenharia de Tráfego e Polícia Militar

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