Empresas apostam em tecnologia de ponta para incrementar negócios
Dentre as novidades, há um hotel que “contratou” um robô para atuar de mensageiro
Imagine hospedar-se em um hotel e ser recepcionado por um robô que sabe seu nome, idade e qual será o seu quarto. O Phil Welcome, que dá expediente de até dez horas diárias (tempo de duração da bateria) no Pullman São Paulo, na Vila Olímpia, há duas semanas, não chega a ser uma Rosie, do clássico desenho animado futurista Os Jetsons, mas está no caminho. Com 1,30 metro de altura, ele possui 3 000 informações armazenadas e responde a questões como qual a senha da internet ou o horário do café da manhã. Caso o cliente seja um habitué do espaço e faça um cadastro prévio, Phil, com sua lente capaz de reconhecer rostos, irá recepcioná-lo na porta. “Quanto mais tempo passar, mais inteligente ele ficará”, afirma o gerente Ronei Borba, que a cada semana acrescenta cerca de 100 novos dados à memória do robô.
A utilização de sistemas modernos em estabelecimentos públicos e privados da capital não chega a ser uma novidade, mas a gama de empresas que lançam mão da inteligência artificial para incrementar os negócios vem crescendo. Inaugurada em julho deste ano, a cervejaria Perro Libre, em Pinheiros, desenvolveu um sistema de cobrança e oferta fracionadas de chope artesanal. De posse de um cartão pré-pago, o cliente vai até uma das quinze torneiras e escolhe a quantidade a ser servida. Cada torneira tem uma bebida com ingredientes diferentes, como coco e café. “Pode custar 75 centavos, 1 real ou 10 reais por copo, tanto faz”, afirma o empresário Thiago Galbeno, um dos sócios do bar. “Para experimentar várias de nossas receitas, o consumidor não precisa encher a cara.”
As novidades tecnológicas também aparecem na hora de fechar a conta. Um sistema de pagamento por QR Code, desenvolvido pela Movile, dona do iFood, e lançado neste mês, promete ser o sucessor do cartão de crédito e débito. A iniciativa, que serve tanto para compras por delivery quanto para lojas físicas, está sendo oferecida inicialmente em 300 restaurantes da capital. A intenção é levar a empreitada para 50 000 estabelecimentos do país. “Em outros mercados, como a China, esse meio de pagamento é a principal escolha nas transações”, afirma Daniel Bergman, diretor de pagamentos da Movile. “No futuro, a carteira das pessoas vai migrar para o celular”, prevê.
Um dos casos de sucesso mais conhecidos do mundo, a americana Uber virou referência para cada nova empreitada tecnológica. No quesito “Uber da beleza”, a brasileira Zauty, há três meses no mercado, aposta nos atendimentos estéticos em domicílio. Com 1 300 profissionais cadastrados, como cabeleireiros, manicures e massagistas, a empresa fez 19 000 serviços no período. A exemplo do aplicativo de transporte, a Zauty aplica preços mais altos em horários de grande procura e retém parte do valor pago pelos clientes — ela fica com 30% do valor do trabalho. “Os 70% restantes vão para os profissionais, que ganham mais do que se fossem associados a salões convencionais”, afirma Márcio Pascal, CEO da Zauty.
No campo público, o uso de inteligência artificial pode ser visto nas bibliotecas municipais. A um custo de 19 000 reais por aparelho, 54 óculos-scanner estão disponíveis em todas as unidades da cidade e são voltados para deficientes visuais. O equipamento escaneia o conteúdo de textos e o transforma em áudio. “As crianças chegam a gritar de felicidade”, afirma Marta Nosé Ferreira, diretora da Biblioteca Monteiro Lobato, na Vila Buarque, direcionada ao público infantojuvenil.