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Empreendedora faz sucesso ao unir cantores e mercado publicitário

Os artistas se sentem muito bem quando pensam na ação junto, porque eles têm o conhecimento do seu público e querem manter seu DNA, diz Fátima Pissarra

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 out 2020, 11h36 - Publicado em 23 out 2020, 06h00
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  • Pabllo Vittar não estava na escalação oficial dos palcos do Rock in Rio 2017. Ainda assim, sua apresentação no meio da tarde em um espaço de um banco que patrocinava o festival roubou a cena daquele dia que teria Lady Gaga, se ela não tivesse cancelado às vésperas sua passagem por aqui. As notícias da época eram uníssonas: Pabllo tinha ofuscado o line-up oficial. “Foi uma abertura grande um banco trabalhar com uma drag queen. Quebrou um monte de paradigmas”, diverte-se Fátima Pissarra, responsável pela Mynd, empresa que agencia cantores, criadores e influenciadores para projetos publicitários.

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    Pabllo foi sua primeira cliente e a apresentação, a primeira ação agendada. “Fechamos o contrato com ela em quinze dias e era sabido que, por preconceito, seria um desafio. A marca deixou na nossa mão e foi um estouro.” A partir dali a Mynd ganhou forma e outros clientes, além da música. Atualmente, são 160 artistas sob seu guarda-chuva, como Luísa Sonza, a humorista Gkay, Ludmilla, Luccas Neto e Thammy Miranda.

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    Gkay, em live: parceria com as marcas (Deco Seixas/Divulgação)

    A empreitada de Fátima com a Mynd começou quando a Vevo, empresa em que trabalhava, decidiu migrar seu departamento para dentro do YouTube e encerrar a parceria com a empresária. Veio o baque. “Ia perder faturamento, reduzir equipe. Fiquei mal”, conta. Mas decidiu manter os funcionários e partir para outro modelo de negócio. Em uma conversa com a cantora Preta Gil veio a ideia de agenciar cantores para publicidade assim como acontece com os atores. A artista entrou junto no desafio.

    Segundo ela, músicos e marcas queriam esse diálogo, mas não entendiam como fazer. “Os empresários não sabiam como vender seus cantores ao mercado publicitário, ao mesmo tempo que as empresas não tinham o canal para chegar a eles”, diz. Ela foi a responsável por construir essa ponte e colocar todo mundo à mesa para criar projetos em parceria. “Os artistas se sentem muito bem quando pensam na ação junto, porque eles têm o conhecimento do seu público e querem manter seu DNA”, explica. “Não adianta um diretor de criação inventar uma música, porque dificilmente vai pegar ou engajar os fãs. Esse não é o papel dele, e sim do artista”, explica.

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    Essa premissa serviu também para outros criadores, como a humorista Gkay, uma das ativas nos palpites das ações. “Dou muito pitaco porque preciso me identificar com o projeto e com o produto. E faço pensando no público que me acompanha”, afirma. Ela conheceu a Mynd por meio de Luísa Sonza, que não parava de contar sobre seus trabalhos. “Sou do Nordeste, estava de mudança para São Paulo, e crescendo. Estava num momento em que as marcas precisavam me conhecer para poder continuar”, lembra Gkay. Em poucas semanas de contrato, ela preencheu a agenda de trabalhos. “Se está a fim, a Fátima enche você de projetos, o que é ótimo.”

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    Projeto de Luísa Sonza: a humorista Gkay conheceu Mynd através da cantora (Divulgação/Divulgação)

    Fátima veio para São Paulo trabalhar na BCP, onde era responsável pela área de ringtones. Por isso, aprendeu sobre direitos autorais e construiu sua rede de conexões com editoras e gravadoras. A experiência com os músicos foi adquirida quando estava com os projetos musicais na Vevo. Em 2012, conseguiu levar o cantor americano Pitbull para uma apresentação no Carnaval em Salvador, com direito a transmissão ao vivo para o mundo. “Nenhum dos diretores acreditava, e, depois disso, fiquei com moral para fazer outras coisas”, conta. A empresária ficou conhecida por ações que poderiam ser consideradas impossíveis, palavra que abomina. “Sou do tipo ‘o não eu já tenho’”, diz.

    Levou Gusttavo Lima para comer o sanduíche de mortadela no Mercado Municipal para uma bandeira de cartão de crédito, trouxe Demi Lovato para um show de uma empresa de refrigerante e repetiu o evento, anos mais tarde, com Fifth Harmony. “O grupo tinha um dia na agenda: elas pegaram o avião à noite, chegaram no dia seguinte de manhã, apresentaram-se à tarde e voltaram na mesma noite”, lembra. “Não tem ‘não dá’, tem ‘como fazer’ ”, diz.

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    Com o empresário de Katy Perry, usou a persuasão. Na ocasião, viu uma proposta de product placement em um videoclipe, quando o artista usa produtos da marca dentro do trabalho em troca de patrocínio. Em vez disso, Fátima sugeriu que colocasse um fã de Katy e usuário do item no clipe. “Seria vantagem para a cantora: usaríamos a imagem dela por um curto período de tempo para fazer a promoção e ela não teria para o resto da vida o objeto estampado no vídeo”, explica. Contrato assinado. “Eles estão abertos para conversar. Ninguém tinha tentado isso antes.”

    Com o foco em criar e entender as tendências, no ano passado, Fátima mergulhou no TikTok e nas novidades do Instagram, que caíram muito bem quando tiveram início a pandemia e a quarentena. “Trabalhamos de domingo a domingo”, conta. “Muitas empresas decidiram acelerar o processo de entrar no digital, então não faltou trabalho.”

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    A expectativa é que o ano feche com 120 milhões de reais de faturamento, o dobro da meta estipulada, batida em agosto. Apesar da inserção das empresas nessas plataformas, Fátima acredita que ainda há um terreno vasto a ser explorado. “Querem estar no TikTok, mas relutam em desconstruir para engajar: funciona cair na brincadeira e não se apegar na história do produto”, afirma. “Fora que ainda há resistência, fruto do preconceito de alguns artistas. Tem de apostar de fato na diversidade.”

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    Publicado em VEJA São Paulo de 28 de outubro de 2020, edição nº 2710

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