Emilio de Mello: diretor de teatro na ficção e na vida real
Paulistano está no novo filme de Ugo Giorgetti, “Cara ou Coroa”, e é responsável pela peça “Arte”
O manjado chavão diz que a vida imita a arte: no caso do paulistano Emilio de Mello, 47 anos, a máxima não poderia ser mais verdadeira. Formado pela Escola de Arte Dramática da USP no fim dos anos 80, ele construiu uma sólida carreira como ator e, na década seguinte, despontou também na direção. Com seu espetáculo “Arte”, em cartaz no Teatro Renaissance, e “Cara ou Coroa”, que chega aos cinemas nesta sexta (7), conseguiu unir as duas pontas de maneira imprevisível: é diretor de teatro na vida real e também na ficção.
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No novo longa de Ugo Giorgetti, Mello encarna João Pedro, problemático diretor teatral às voltas com a montagem de “O Interrogatório”, de Peter Weiss, o Partido Comunista e seu vício no jogo. A vida atribulada faz com que se torne a ovelha negra da família: é abandonado pela mulher (Julia Feldens) e vira alvo preferido das críticas do tio (Otávio Augusto).
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Segundo o ator e diretor, Giorgetti o escolheu para o papel após vê-lo na peça “In on It”. O fato de Emilio também dirigir atores, no entanto, não provocou atritos durante as filmagens. “Ele me deixou livre para criar. Todo o processo foi prazeroso e democrático”, afirma. Mesmo num universo próximo ao seu, não se acomodou e buscou maneiras de construir o personagem: “O João Pedro, além de politizado, envolvido com jogos de azar, é muito artístico e emocional. É nisso que me identifico com ele”.
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Três vezes Yasmina Reza
Paralela à estreia de “Cara ou Coroa”, a faceta teatral de Emilio de Mello pode ser conferida em “Arte”. Trata-se da terceira vez que realiza um texto da francesa Yasmina Reza – as duas primeiras foram com “O Homem Inesperado”, em 2006 (sob supervisão de Daniel Filho), e “O Deus da Carnificina”, em 2010. Entre o palco e o estúdio de cinema, ainda sobra tempo para uma participação na nova novela da Rede Globo, “Lado a Lado”, e para planejar o espetáculo “A Estrela do Lar”, de Mauro Rasi.
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O projeto, contudo, é apenas um de vários de sua prolífica carreira de diretor iniciada em 1999, de maneira ousada: junto da Companhia dos Atores, montou “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, levada aos palcos pela primeira vez 30 anos antes por Zé Celso. Desde então, afirma que os convites para dirigir são muitos – chegam a ser mais numerosos do que os pedidos para atuar. Mas Mello diz não preferir um oficio a outro, já que ambos se confundem e se complementam: “Quando estou na direção, aprendo a atuar; quando atuo, aprendo a dirigir”.