Fãs de Elvis Presley se preparam para o maior evento brasileiro
Show "Elvis Presley in Concert" e exposição "The Elvis Experience" estão agendados para setembro e outubro
Elvis não morreu. Ou melhor, morreu há 35 anos — apesar de alguns insistirem em uma excêntrica história de que ele teria forjado a própria morte e estaria escondido em uma ilha —, mas até hoje o cantor americano vende discos e reúne mais admiradores do que muitos artistas de sucesso ainda vivos. No último dia 26 de maio, por exemplo, uma instituição de caridade em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, serviu de sede para um encontro do fã-clube paulistano Elvis Triunfal, que conta com 1.080 associados. Apareceram por lá cerca de 100 pessoas, na maioria quarentões e cinquentões. Mulheres vestidas com camisetas estampadas e homens influenciados pelo visual rockabilly passeavam por cinco tendas, que vendiam de bijuterias com o rosto do astro a jaquetas e chaveiros. Seis intérpretes amadores ousavam dar uma canja em canções como “Suspicious Minds” e “Always on My Mind” em um concurso que valia uma miniatura do ídolo.
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Outra atração era uma exposição de aproximadamente 400 itens, entre livros, DVDs, fotos e discos de vinil. Tudo proveniente do acervo do presidente do fã-clube, Marcelo Neves, que divide a direção com sua mulher, Vivian. “Trouxe apenas uma parte de minha coleção. Tenho 2.500 objetos em casa”, afirma. Os colegas Walteir Terciani e Berenice Dib também compareceram ao evento: ele criou em 1967 o grupo Gang’Elvis; ela comanda na Vila Buarque o Espaço Cultural Elvis Arts, com decoração temática. “Conheci muitos de meus amigos por causa da paixão que compartilhamos”, diz ela. “Promovemos karaokês, sessões de cinema e conversas.”
Além dos fanáticos de carteirinha, os covers do cantor também ajudam a manter sua memória e rebolado vivos. Com costeletas, topetes caprichados e roupas espalhafatosas, fazem as vezes de galã, dando autógrafos e tirando fotos. Cada um costuma se gabar de um feito: “Consigo atingir o mesmo tom e sei de cor a letra de mais de cinquenta canções”, garante Alexandre Francelino. Um dos sósias mais disputados no mercado, o paulista Álvaro Martins, o Elvinho, faz cerca de nove shows por mês. Pinta o cabelo loiro de preto, tem tatuagem com o rosto do ídolo no braço e jura encomendar figurinos que chegam a custar 7.000 reais na mesma empresa de que Elvis era cliente, nos Estados Unidos. Expert na imitação do roqueiro há onze anos, cobra cachês entre 2.000 e 20.000 reais. “Levo meu trabalho a sério. Faço de coração.”
Essa turma de covers e fãs está animada como não se via desde que Presley era vivo: no segundo semestre, eles poderão ver um show do rei do rock no Ginásio do Ibirapuera. Obviamente, Elvis não estará presente, mas o objetivo do projeto é chegar o mais próximo disso. A apresentação reúne 37 vídeos de shows antigos projetados em um telão, de faixas como “Don’t Be Cruel” e “Love Me Tender”. A voz do cantor foi remasterizada e aparece acompanhada ao vivo de uma banda de dezesseis músicos, muitos deles integrantes de seu conjunto original. Com os ingressos esgotados para o dia 8 de outubro, abriu-se uma sessão extra para o dia 9, que até a última quarta (30) só tinha convites disponíveis em dois setores, com valores entre 300 e 350 reais (para moradores do estado de São Paulo; para quem é de fora, os preços podem chegar a 700 reais).
No mesmo pacote de diversão há outra atração, batizada de “The Elvis Experience”. Em agosto do ano passado, o empresário Rafael Reisman, presidente da 2Share Entertainment, visitou Graceland, a mansão de Elvis em Memphis (EUA), que hoje funciona como museu. Ao ver a escassez de objetos em exibição, perguntou se não havia mais coisas. “Descobri que 90% dos itens estavam guardados. Após muita negociação, convenci a família a nos deixar realizar a maior exposição sobre Elvis no mundo”, conta. Serão 500 artigos pessoais espalhados por dezesseis ambientes, distribuídos por 2.000 metros quadrados, no Shopping Eldorado. Entre eles, um telefone folheado a ouro que ficava em seu quarto, um figurino branco usado em um especial do canal de TV NBC em 1968, o carro vermelho conversível que aparece no lendário filme “Feitiço Havaiano” (1961) e uma televisão em que o cantor atirou (junto com a bala e a arma usadas no episódio). A inauguração da mostra, em setembro, promete contar com a presença da viúva Priscilla Presley. Por dois meses, Graceland será aqui.